Contos para se deleitar em cada linha

Conto 1 | Por Acaso

Eu não tinha ideia que seria assim. 

Achei que quando finalmente eu assinasse os papéis com o Tiago, no Fórum do Centro, eu iria desabar. 7 anos de casamento, com direito a festão, lua de mel nas Maldivas, casa financiada junta… era uma vida. 

Mas eu estava estranhamente calma. Contente, até. Senti um alívio imenso. Já estávamos morando separados fazia 5 meses, e dar um ponto final teve um efeito catalisador. 

Eu estava livre para me permitir ser quem eu quisesse. Fiquei muito tempo sem sentir nenhum desejo, sem querer me arrumar, me cuidar. Sem saco mesmo: Tiago tentava me levar pra jantar, tentava me animar para transarmos, mas eu não estava mais presente naquela relação. Me sentia diminuída, apagada. Uma incógnita.

O que me dava esperança de um tempo melhor eram os meus sonhos. Sonhava que estava viajando de volta nas Maldivas, mas ao acordar, não estava do lado do Tiago - acordava abraçada com uma massa de cachos negros com cheiro de jasmim, uma mulher de pele retinta vestida com um vestido de linho cru. 

Engraçado que nos dias mais tensos, quando esse sonho se repetia e ela acordava do meu lado, eu sentia que tudo daria certo. Ela era como um talismã imaginário, uma força do além que me acalentava e acolhia. 

Estava perdida nos meus pensamentos enquanto dirigia para ir para o mercado, comprar um vinhozinho para comemorar minha recém solteirice. Olhei para o whatsapp e vi um grupo de amigos querendo marcar para comemorar. Dei uma risada. Eles estavam tão aliviados quanto eu estava. 

Depois de pegar alguns queijos que pareciam estar em oferta, fui direto para a sessão de vinhos e mergulhei naquele universo. “Hoje eu vou me mimar” - pensei, olhando os rótulos mais caros, no topo da prateleira. Vi um Xavier Vignon ali no topo e fui pegar para dar uma olhada. Foi levantar a mão para sentir um corpo colidir com o meu, o vinho escapando das minhas mãos e espatifando no chão. 

-Meu Deus! Me desculpa! 

Escutei a voz doce e feminina e olhei pra cima. Vi uma mão estendida de uma mulher de vestido de linho branco, os cachos grossos presos em coque. “Não, não acredito” - pensei, boquiaberta e sem reação. Por mais um milissegundo, fiquei paralisada e depois reagi, dando a mão e levantando. 

- Não, eu que peço desculpas. Achei um vinho que eu queria faz tempo e…

- E eu esbarrei em você. Pode deixar que vou te ressarcir, incluindo sua roupa. Essa mancha não vai sair tão fácil… - ela disse, olhando pra mim

Olhei para minha blusa branca de cetim e vi a enorme mancha de vinho tinto na altura do peito. Meus mamilos reagiram, duros, e meu sutiã de renda estava todo à mostra. Dei uma risada.  

Eu não conseguia acreditar que a menina que confortava nos meus sonhos estava na minha frente. Eu não era uma pessoa particularmente religiosa nem mística, mas um acaso assim tão específico não deveria ser tão por acaso assim. Eu iria aproveitar ao máximo. 

- Acontece, haha. Fica tranquila. Qual o seu nome? 

- Lisa. Ai que vergonha… uma mulher elegante e bonita dessa e eu quebro o vinho da sua mão. 

- Lisa, vamos fazer o seguinte: vamos sair pra beber uma taça de vinho aqui perto? Você pode? Aí ficamos quites. 

Ela abriu um sorriso imenso, seus dentes reluzindo. 

- Eu tava querendo mesmo. Prazer… 

- Carla. 

O dia não poderia ser mais estranho, mas prometia trazer cada vez mais peculiaridades. Nós sentamos na bancada alta do restaurante, duas tacinhas do mesmo vinho que quebramos na mão. Descobri que Lisa era arquiteta e estava em uma obra pertinho. Mostrou foto de seu cachorro, Alberto, e da obra que estava fazendo. Ela olhava no meu olho e em certo ponto, fez um carinho na minha perna. Eu sentia borboletas na barriga. 

Nós estávamos meio altinhas, rindo e falando sobre reality shows ruins que amávamos. Do nada, ela mudou de assunto:

- Me diz Carla, como foi seu dia? Me desculpa de novo. Eu sou muito desastrada...

- Imagina. Olha, fora o encontro contigo, eu assinei os papéis do meu divórcio hoje. Oficialmente solteira - disse, com um meio sorriso, brindando. 

- Caramba! Mas você tá bem né? Eu tenho um negócio com energia, e quando te vi, senti uma coisa boa… 

- Agora estou. Posso te contar uma coisa muito doida? Você vai me achar maluca.

- Acabei de te falar que eu tenho um negócio com energia, quem deve estar achando maluca é você…

- Nada! Vou ser direta: eu sonhei contigo. 

- Mentira! 

- Juro. Com o mesmo vestido que você está. 

- Mas como era o sonho?

Dei uma bebericada e suspirei:

- Eu acordava em um bangalô nas Maldivas. O mesmo que passei a lua de mel com meu ex marido. Olhava pro lado, e lá estava você, com esse mesmo vestido de linho, olhando pra mim e sorrindo.

Ela soltou uma risada e pegou na minha mão:

- Não acredito! Eu falava algo? 

- Nada. Sorria com esse seu sorriso encantador. Sabe, nos últimos 6 meses, esse sonho se repetia. Comecei a considerar aquela mulher, você no caso, como um talismã, uma guia protetora. Te ver na minha frente mexeu comigo.

- Mesmo eu molhando sua blusa branca toda? - ela disse, dando uma piscada. 

- Mesmo assim. 

- Você também mexeu comigo, sabia? - ela disse, se inclinando e sussurrando no meu ouvido

Eu sabia que ali eu podia fazer uma escolha. Por muito tempo, quando eu ainda era solteira, me considerava uma mulher hétero - mas eu sabia que estava me enganando. Estava sóbria suficiente para ter noção que eu iria me aventurar com uma mulher, coisa que nunca tinha feito na vida e sempre tive aquela curiosidade, aquele tesão reprimido. Mas né? Eu vi aquela mulher nos meus sonhos. Se isso não era um sinal…

Eu passei a mão nos seus cachos grossos e dei um sorriso. Cheguei perto de seus lábios e dei um beijo rápido, testando a maré. Ela me beijou de volta, de língua, e quase caímos da bancada. 

- Eu moro aqui do lado. Sobe comigo? 

Fomos até seu apartamento de mão dadas, nos beijando loucamente no elevador. Ela abriu as chaves do apartamento e de repente, nos vimos no sofá - eu estava sentada por cima dela. Senti ela tirar minha blusa de cetim manchada, desabotoando meu sutiã. 

Eu estava só de saia no seu colo, meus seios contra os seus, a sua boca no meu pescoço, mordiscando. Eu gemia leve, trêmula, excitada e nervosa. 

- Você nunca fez com uma garota, né?

- Não. Nunca nem beijei uma mulher. Mas você é diferente.

- Sou seu talismã, não é?

Eu soltei uma risada e a beijei intensamente. Ela aproveitou e colocou o dedo dentro da minha calcinha. Primeiro um, depois dois.

Parecia realmente que ela me conhecia: sabia os movimentos que eu gostava - de um lado pro outro, rápido e depois devagar, a mão deslizando nos lábios, e depois três dedos dentro de mim.

Eu gozei mordendo seu pescoço, aliviada. Livre. Nos beijamos e ela me abraçou:

- Espero que seu próximo sonho tenha esse novo capítulo que escrevemos hoje.

Conto 2 | Ela Pede, Eu Obedeço

Ela marcou de novo comigo no Café Flore. 18h em ponto. Lá estava eu, com minha saia plissada e camisa abotoada. Ela já me esperava com um moscow mule na minha frente. Até o drink era ela que pedia. E eu vibrava: amava ser dela. Ser mimada. 

- Então depois que rolou aquele caso com a Yasmina, você virou sapa totalmente?

- Sim. Entrei naquela fase de ver The L World todo dia. Vi todos os filmes lésbicos do planeta. Comprei um vibrador neon. Li um livro chamado Vagina.

- Eita!

- Sim, raspei o cabelo. Preferi não performar feminilidade. 

- Eu não conseguiria…

- Ah, eu raspei tudo logo. 

- Você devia estar muito gostosa… 

Ela passou a mão nos meus cabelos, encurvando o dedo por um dos meus cachos.

- E você já chegou a transar de cara? Eu demorei.

- Se eu transei? Amada, eu me esbaldei. Saí com todo o tipo de mulher. Empresárias, estudantes, senhoras... tudo. 

- Até me encontrar, né?

- Você foi a minha ruína. Não existe ninguém como você. 

- E não tem ninguém que goste de ser minha como você. 

Ela puxou o meu colarinho e me beijou com força. Me senti toda quentinha por dentro. 

- Me encontra daqui a dois minutos. Estou no banheiro. Bate e diz que eu esqueci o celular.

- Amanda…Espera!

Ela caminhou a passos largos até o banheiro, seu salto ecoando no chão de azulejo. Esperei dois minutos, tensa, os cabelos da minha nuca completamente arrepiados. Ela me tinha por completo: eu amava como ela me controlava. Morria de medo de transar ao ar livre, mas o tesão sempre falava mais alto.

Peguei minha bolsa e fui ao seu encontro. Bati na porta: 

- Ei, você esqueceu seu celular!

A porta abriu e sua mão me agarrou. Ela me prendeu com as duas mãos na porta fria do banheiro e me beijou. Eu amava como ela era mais alta. Como me sentia protegida nos seus seios. Ela colocou a mão debaixo da minha blusa e brincou com meus mamilos duros. 

- Seja uma boa menina e gema baixinho. 

Ela não deu dois tempos e agachou, entrando por baixo da minha saia e rasgando minha calcinha. Porra! 

Sem me deixar pensar, ela lambeu minha vulva de uma vez. Segurando na maçaneta da porta, eu segurava para não gritar alto. Sentia ela lamber meus lábios e usava os dedos para traçar meu clitóris - de um lado para o outro, depois circulando. Eu comecei a gemer mais alto e ela colocou uma mão na minha boca.

- Eu falei pra você ficar quieta!

Era demais. A intensidade da sua mão, meu suor acumulando, minhas bochechas rosas. Ela ria baixo, seu sorriso estampado na cara. Fechei os olhos e senti a deliciosa explosão: estava completamente encharcada. 

Ela tirou a mão do meu rosto e me beijou, um beijo suave, leve. 

- Difícil não se apaixonar por você.

Conto 3 | Me Mostre que Eu Faço

Eu não sei como chegamos nesse ponto. A champagne estava derramada no tapete, enquanto ríamos da histórias bizarras do ensino médio. Eu já tinha ficado com a Julia. Julia tinha namorado com a Maria. E quando adultas, eu e Maria namoramos. 

Colocando o copo na mesa de madeira, eu senti coragem de falar o que estava pensando:

- É engraçado como nós nunca nos pegamos né?
- Como assim, Eva? Nós três ao mesmo tempo?
- Sim, hahaha.

Julia sempre foi a pessoa que iniciava no nosso grupo. E hoje, não seria 
- E se jogássemos um jogo? Eu falo, vocês obedecem.

Eita. Lá vamos nós.

- Seu sonho de consumo, né Julia?
- Como você descobriu? hahaha.
- Eu topo - Maria riu.
- Eu também - disse.
- Então ok. Vamos chamar de "Julia pede". Nesse momento, eu quero que você tire a blusa da Maria, Eva.

No momento, eu estava achando graça. Mas enquanto eu tirava a blusa da Maria, senti borboletas na barriga.

- Ótimo. Maria, tire a blusa da Eva.

Eu dei um sorriso a acenei com a cabeça. Senti as suas mãos na minhas costas. Estávamos tão perto que eu conseguia sentir meu peito subir e descer. O sutiã rendado caiu no chão, e eu sentia seus mamilos duros nos meus dedos. Era difícil me segurar.

- Maria, brinque com os peitos da Eva. Devagar. Desse jeito.

Eu não sou o tipo de pessoa que gosta de festas surpresas para o meu aniversário. Não gosto de ser o centro de atenções. Mas quando as mãos da Maria estavam em mim, eu não ligava. Nem eu pouco. Eu amava. Ela beijava cada mamilo com atenção. Lambia, mordia, chupava.

-Eva, tire a calcinha da Maria.

A Julia estava encostada, vendo a cena desenrolar. Ela mordia os lábios de antecipação. Eu levantei meus quadris um pouco. Eu queria dar o show completo para ela.

- Beijo o corpo dela. Beije a barriga dela. Assim. Agora eu quero que você me beije minha buceta.

Eu tentei não perder o foco enquanto a Julia chegou na minha frente e sentou na minha cara. Os quadrais dela estavam deslizando em pequenos círculos. Maria passava as mãos no seu cabelo e a beijava.

- Ai tá bom pra caralho, Maria. Porra, vou gozar. Ahh...

Senti sua buceta pulsar. Os seios dela balançavam enquanto ela sentava na minha cara. Eu bebi tudo que ela jorrou. Ela desceu o corpo na minha direção e me abraçou.

Julia veio com a garrafa de champagne. Nós três demos bebericadas, enquanto riamos. 

- E quando é nosso próximo encontro?

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