Contos para sua ativar sua imaginação...

Conto 1 | Me Ensine

Eu estava no último ano do meu mestrado. A aula dele era optativa. Não era obrigatória para minha graduação. Mas naquele semestre, foi a aula dele que me deixou mais impressionada. 

Ele apareceu na sala mais cedo para rever suas anotações e preparar  a aula. Seus sapatos estavam sempre impecáveis. Era óbvio como ele amava o que fazia. Toda vez que ele ficava empolgado com a matéria da aula, eu sentia toda aquela paixão, inclinava com atenção, mordia a caneta que tinha na minha boca. Queria ser uma professora como ele um dia. Esse era meu objetivo. 

E então, ele me deu um banho de água fria - nota baixa em uma prova. Logo na prova dele! Disse que meu argumento deveria estar mais redondo - não estava claro. Naquela semana, fui para a sua sala decidida a tentar convencê-lo de melhorar minha nota. Quando entrei na sala, ele estava lá, com seus pés na mesa, concentrado ao escrever - provavelmente seu novo livro. Fiquei desconcertada - é muito íntimo interromper alguém enquanto está gerando uma nova ideia. 

- Ah! Oi Nicole. 

Ele rapidamente arrumou seu cabelo desalinhado e falou para eu sentar na cadeira a frente de sua mesa. Depois de um papinho leve, ele me perguntou o que eu achava de uma parte específica do seu livro. Ele balançava a cabeça enquanto eu falava - parecia que ele gostava do que estava falando, e anotava em um algum bloco esquecido da sua mesa. Esse era o tipo de conversa que você tinha e pensava depois nela por dias a fio, onde você repensa nos argumentos que falou naquele dia várias vezes dentro da cabeça.

Eu voltei na semana seguinte. E na outra semana. Toda vez eu notava que tinha algo sobre ele que me encantava. Nas semanas passadas notei que ele tinha cílios excepcionalmente longos atrás dos óculos e como era uma delícia quando ele arregaçava suas mangas e esticava os braços quando estava cansado. Ele sempre sorria quando eu falava de algum livro que ele não tinha lido. Aposto que passava na cabeça dele: "Quem é essa mulher?"

Eu amava o jeito que ele não concordava comigo, mas nunca levantava a voz, só me fazia perguntas com calma para tentar me mostrar o furo do meu pensamento. Ele era diferente de todos os professores que tive. 

Acabou as férias e novas aulas começaram. Eu senti uma sensação de perda esquisita. Eu não o via mais pelo campus da faculdade. E ele tinha aquele jeitinho de entrar na minha cabeça nos momentos mais inoportunos. Eu tentava tirar ele da minha cabeça. Mas não adiantava: todo cara alto com uma bolsa de couro transpassada já achava que era ele. 

Eu me convenci que provavelmente existia algum tipo de regra da faculdade que bania o relacionamento entre nós - devia ser esse o motivo do sumiço. Comecei a me sentir meio sem graça e pensar que tudo o que rolou entre a gente foi uma viagem na minha cabeça - talvez ele seja apenas um professor muito legal e conversava assim com todos os seus estudantes. 

Até que finalmente defendi minha tese. Quando eu saí daquela sala de aula me senti livre, não sei nem como descrever! Eu andei pelo campus com um sorriso tão grande que quase caia do meu rosto. E então passei no Edifício Edgar, o prédio que ele dava aula e tive uma vontade enorme de dividir as boas notícias com ele antes de contar para qualquer outra pessoa. Eu entrei no elevador, esperei o sétimo andar, e abri a velha porta da sala de aula. Lá estava ele, dando aula para os alunos de graduação. Como estava escuro, sentei quieta no meu canto sem ele notar. Ele estava concentrado na sua linha de raciocínio, tentando nos convencer do que estava falando. Eu comecei a sonhar acordada, pensando no meu sonho de ser professora e nas minhas futuras aulas.

As luzes acenderam e acordei do meu sonho. Ele deve ter acabado de fazer uma pergunta porque ele está olhando para a sala e todo mundo está com aquela cara de "não é comigo".

- Ninguém? Vamos lá gente. Vocês sabem isso.

Ele me viu, prendeu seu olhar no meu e eu tentei não sorrir. Resolvi responder:

- É social e econômico. 

- É exatamente isso. 

Ele me deu aquele olhar com olhos brilhando e dessa vez, eu sorri de volta. A aula acabou e eu fui para a frente, onde os alunos estavam saindo de suas mesas. As suas costas estavam na minha frente enquanto levantava o velho quadro negro. Meus olhos escanearam o seu corpo. Não dava para ignorar aquelas calças apertadas e aquela bunda perfeita. 

- Oi!

- Oi Nicole. É bom te ver de novo. Tá tudo bem?

- Tudo. Vim te falar que defendi minha tese essa manhã! - contei, nervosa - E...

- Ah! Sim. Eu sabia que isso estava acontecendo por agora. Parabéns! Eu não estou surpreso por te oferecerem a bolsa. 

Ri, sem graça. Ele era muito gente boa mesmo. 

- Você tem um tempinho para a gente se falar? Eu adoraria saber como está indo o livro. E... - perguntei, tímida, ao mesmo tempo que ele ia falar algo. Rimos. 

- Sim! Claro! Adoraria. Só vamos ali na minha sala rapidinho. Tenho que deixar algumas coisas lá. 

- Sim! Vamos. 

Quando entramos, ele deixou sua bolsa de couro e suas anotações da aula na mesa e começou a organizar suas coisas. As luzes estavam baixas, a não ser pela forte luz do sol que entrava entre as persianas pesadas da sala. Ele parecia estar lutando com o desejo de me olhar diretamente nos olhos. Como se ele não quisesse conversar imediatamente. Eu amava ver ele se organizar rápido para dar atenção total pra mim. 

- Pronto, acabei de ajeitar aqui. Pronta pra ir? 

- Podemos falar aqui mesmo? - não resisti à pergunta.

- Tá. Não, sim, claro - ele concordou, sem graça. 

Eu sentei na minha cadeira conhecida na frente da mesa dele e ele pegou uma que estava do meu lado. Eu pensei na hora: "Vai ver que ele não quer passar a imagem de professor agora". Comecei a contar que na semana passada tinha descoberto que tinha ganhado a bolsa de doutorado. - Bom, eu tive bons professores e...

- Não. Você conseguiu tudo isso sozinha. - ele disse com sua voz baixa. 

Pela primeira vez considerei que ele tinha tanto tesão na minha mente quanto eu tinha na dele. 

- Mas e você? Me conta? - perguntei. Ele levantou e começou a falar, quando sentou na mesa na nossa frente:

- No começo do semestre, eu estava com um bloqueio no meu livro. Eu pensei em falar contigo, mas não queria que você se sentisse estranha com isso ou algo do gênero. Aí não sei, fiquei sem graça de falar. Mas talvez isso tenha sido sem noção da minha parte. 

- Não, não foi sem noção. Eu achei que era isso. - concordei. 

- Se eu for completamente honesto, eu senti muito sua falta. - ele disse, com cuidado. 

Senti um nervoso quase adolescente, e falei:

- Eu também senti sua falta. 

Ele olhou nos meus olhos e inclinou para frente. Como se estivesse na frente de um limite e não quisesse cruzar. Mas eu cruzei.

Cheguei perto dele, coloquei minhas mãos na suas coxas e beijei ele na boca, suavemente. Os beijos dele eram mais selvagens, com fome, e eu empurrava suavemente para criar mais espaço entre nossos lábios. 

- E a porta, devemos trancar? - perguntei, ainda com alguma sanidade na cabeça

- Eu não me importo - ele disse, entre beijos.

Dei uma risada baixa e disse:

- Sim, se importa sim. 

Ele foi muito rápido: mal me separei dos seus lábios, escutei a porta trancando. Eu estava na mesa inclinada. Eu só senti seu cheiro enquanto ele empurrava seu corpo contra o meu, me levantando e me deixando em cima da mesa. 

- Nós temos que ficar quietos - eu disse, ofegante de tanto tesão. A essa altura, estava completamente molhada. - Eu ainda tenho que pegar o diploma. 

Demos uma risada.

- Tudo bem. - ele disse, levando minhas pernas na sua cintura e pressionando seu corpo contra o meu. Eu me segurei nele enquanto ele tirava seus óculos. Ele pressionou sua ereção no meu corpo e puxou minha saia para cima, colocando suas enormes mãos por debaixo da minha calcinha. 

- Nossa, como você tá molhada.

Eu estava amando demais aquilo. 

- Comecei a ficar molhada desde a sua primeira aula.

Ele riu, malicioso, enquanto me tocava:

- É isso que você quer? Quer que eu te dê uma aula?

- E como você sabe o que eu gosto? Como você vai saber como eu gosto de ser tocada? 

- Me fale como você gosta. 

Eu deitei sobre meus cotovelos enquanto ele tirava lentamente minha calcinha até meus tornozelos. E ele enfiou seus dedos lá dentro. Devagar e suavemente. 

- Você é muito gostosa. - ele falava, com sua voz já rouca.

Eu ensinava como gostava de ser tocada, enquanto suspirava. Não conseguia conter mais meus gemidos: 

- Vai mais fundo. Isso, mais devagar. Ah! Isso, não para. 

- E assim? - Ele disse, indo mais rápido com os dedos

Parecia que eu estava assistindo a minha própria fantasia. Ele beijando meus lábios. Eu com minha cabeça jogada para trás olhando para ele ir mais fundo a cada dedada. Ele me jogando em cima dos seus cadernos de anotações. Os estudantes andando para a sala de aula sem a menor ideia do quão bom ele era em me foder com seus dedos.

Não aguentei muito e gozei ali mesmo: 

- Aí mesmo, continua. Trêmula, contente olhei para ele e pedi: 

- Tire suas calças.

Ele pegou no seu bolso de trás uma camisinha, abriu suas calças rapidamente e afrouxou sua gravata, a puxando para o lado. Ele pegou a parte de trás das minhas pernas e colocou meus tornozelos nos seus ombros. Colocou a camisinha e esfregou o pau em cima da glande do meu clitóris até a entrada da minha vagina, espalhando lubrificação em toda minha vulva.

- Temos que ficar quietos. Pode ter alguém escutando - falou rouco no meu ouvido. 

Eu não conseguia mais me conter. Ele me penetrou e eu na hora amassei os papéis debaixo da minha mão. Ele começou a enfiar bem lento no início, e tirava o pau mais lento ainda. 

- Continue me falando o que você quer. Eu amo quando você me diz o que quer. - ele sussurrou. 

Continuei: - Isso vai mais rápido aí. Esfrega o meu clitóris. Não para. 

Ele foi indo mais forte, mais forte e mais forte, olhando nos meus olhos, meus tornozelos já suando nos seus ombros, sua camisa mostrando seu peitoral e mamilos. 

Eu não estava aguentando mais tanto tesão. Ia crescendo, crescendo e minha voz ia ficando mais alta. Comecei a gemer alto.

E falou no meu ouvido - Não grita. 

Eu já estava gozando. Tudo estava quente e tinha perdido controle, apenas sentia aquela imensa onda de prazer: - Goza dentro de mim. E ele veio junto. 

Acalmamos nossas respirações. Eu amava como suas pernas e corpo estavam por cima de mim. Seu rosto descansando no meu peito. 

- Isso foi o que você achou que poderia ter acontecido? - disse, rindo. 

Ah, você nem imagina, professor. 

 

(Veja a continuação do Conto Me Ensine)

Tradução livre de podcast publicado originalmente no Dipsea. Escute o áudio original.

Conto 2 | Londres em Chamas

- Você sabe que horas são? 

- 11:30. Vamos almoçar? 

- Vamos acabar isso...

A Brit era assim: sempre arrumava uma desculpa para fugir do trabalho em grupo. Eu queria acabar aquela merda, de uma vez por todas. Não tenho saco para procrastinação, como boa virginiana. Mas ela era uma ótima amiga: estava sempre presente comigo, em todos os momentos - e eu tentava segurar minha onda. 

Ela que me acolheu quando eu sentei pela primeira vez naquela sala fria do departamento do London College of Art. Me sentia uma brasileira estranha no ninho e não conseguiria me aproximar de ninguém. Mas foi só cair minha bolsa no chão que vi o sorriso largo de Brit enquanto me ajudava a catar meus documentos de admissão. 

Ela quebrava todos estereótipos de inglesa fria, distante: era super amigável, próxima e extrovertida. Ela achava graça conhecer uma brasileira introvertida. 

Três semanas depois, estávamos ali nós duas quebrando a cabeça para entender o movimento Op Art e apresentar um trabalho digno para o Professor Binns. Eu teclava furiosamente meu laptop tentando acabar um slide quando ela colocou sua mão sob a minha:

- Nana, honey, já deu. Vamos nos divertir um pouco. Já olhou lá pra fora?

- Já e tá o mesmo céu nublado de sempre. 

- Deixa de ser emburrada, my love! Já está escurecendo, vem que eu quero te apresentar um lugar que super vai te fazer bem. 

Na última vez que ela mandou essa acabamos em pub tomando um pint de quase dois litros e meio. 

-Não sei…

- Você me falou que é fã de The Cure, né? Deixa te contar: o lugar que eu vou te levar é onde eles tocaram pela primeira vez.

- Ok. Vamos! 

- Como preciso te convencer pra fazer tudo! 

- Mas você me ama...

____________________________________________

20h, lá estava eu na frente do prédio da Brit com minha saia de couro preta pronta pro combate. Ela saiu da porta com um look engraçado: mesmo com o calor da noite de junho, ela estava com um sobretudo estilo Burberry. 

- Tá frio, Brit? 

-Tá calor. E daqui a pouco vai esquentar mais - ela disse, ajeitando seus cabelos azuis e dando uma piscadela. 

Pegamos o metrô e fomos de Hackney, na região leste, para Camden Town - um dos bairros mais descolados, conhecido por sua cena alternativa. Descemos na estação e Brit me levou pra uma ruela escura, o vapor saindo do bueiro naquela noite quente de verão. 

O sinal neon da boate reluzia. “Kittens”

Interessante.

- Amiga, pra onde você está me levando?

- Você confia em mim?

- Hm. Acho que sim.

- Então. Mas deixa te falar: se você não gostar, me diz na hora que a gente sai correndo dali e finge que a gente nunca veio aqui. Podemos ir em Picadilly ver Harry Potter, Mary Poppins, Matilda, sei lá. 

Pra onde ela me levou?

Isso atiçou minha curiosidade e eu entrei na sua frente, abrindo a porta acolchoada, à prova de som. Um ambiente escuro, com algumas estátuas de gatinhos douradas e pera aí… algemas penduradas?

- Brit, o quê…

Virei pra trás e ela tinha tirado o sobretudo. Um macacão de látex vinho abraçava todas as suas curvas. Dava pra ver tudo: mamilos, seus pelos pubianos, tudo. 

Meus olhos se arregalaram:

- Brit, aqui é o que eu tô pensando?

Ela pegou nas mão e disse:

- Nana, relax. Quando você tava bêbada no dia do pint, você disse que sempre curtia livros de sadomasoquismo. Eu achei engraçado, porque pra mim, isso é um lifestyle. Nada mais justo que te apresentar a Kittens, a melhor boate de BDSM de Londres. Mas se você quiser que caímos fora, friend, a hora é agora.

Eu olhei para seus olhos sinceros e sabia que podia confiar. É verdade - eu sempre quis isso. Nos meus desejos mais secretos, me imaginava amarrada, estilo shibari. Me imaginava sendo dominada por vários homens e mulheres, me prendendo e me vendando.

Só de pensar, sentia que estava ficando molhada.

Resolvi assentir com a cabeça. Qual a chance disso acontecer de novo? Quase nula. 

Vou aproveitar. 

- Eu quero isso. Mas não sei por onde começo.

- Por isso que te trouxe aqui. A Kittens tem um darkroom para bondage leve. Nada muito forte, nenhum tapa, nenhum açoite, nada disso. Você diz sua palavra de segurança e na hora que falar, todo mundo para. 

Eu disse que sim e ela deu um enorme sorriso. Depois de conversarmos com a hostess da boate, o darkroom estava pronto. Eu estava na frente da porta, ansiosa e excitada. 

Brit apareceu com uma venda de veludo. Me deu um beijo na bochecha:

- Aproveita! E lembra da sua palavra de segurança, “borboleta”! 

Senti a venda de veludo nos meus olhos e de repente, estava dentro do darkroom. 

Com os pelos da minha nuca eriçados, andava no quarto e sentia um cheiro de jasmim misturado com couro. Enquanto andava, completamente sem enxergar, sentia plumas passarem pelas minhas pernas, meus braços e ombros. 

Estava completamente arrepiada. 

Conseguia perceber que tinham dois corpos, um na minha frente e outro atrás, me envolvendo. Estiquei a mão e coloquei a mão em seios firmes, em um sutiã de couro. A pessoa de trás, com sua voz grave, se inclinou e sussurrou no meu ouvido: 

Relax, baby. 

Logo depois senti sua língua passar entre os contornos da minha orelha. Soltei um gemido, relaxando sob seu corpo, toda amolecida.

Me sentia segura. Envolvida. Não existiam problemas ali: apenas toques, plumas e sussurros gostosos. 

A mulher na minha frente se ajoelhou e senti ela levantar minha saia, enquanto o homem explorava minha nuca, orelha e ombros. 

Senti minha calcinha descendo e de repente, uma boca lambendo meus lábios da vulva. Quase caí no chão, mas os braços fortes do homem me seguravam. 

Ela lambia com força toda minha buceta: lábios, clitóris, enfiava a língua na minha vagina. E quando eu estava prestes a gozar, o homem me apoiando falou:

- Stop.

Soltei um grunhido de protesto. Foram mais três rodadas daquela tortura deliciosa com ele falando para parar e eu comecei a sentir um crescente no meu ventre - uma onda incontrolável vindo me avassalar, talvez a maior que já tinha sentido.

Na quarta vez, ele não falou nada. E eu explodi na boca e rosto dela, minhas pernas bambas e meu rosto trêmulo, quente.

O homem me pegou no colo e me carregou até um sofá. Senti minha venda sendo tirada e vi pela primeira vez a mulher que me proporcionou aquele prazer. Ela estava sorrindo. 

Thank you… - foi tudo que consegui dizer.

- Espero te ver mais vezes. 

Conto 3 | Hora Dourada

Dominique estava acostumada a colocar as necessidades dos outros na frente. Quando ela dá uma festa no terraço da sua casa, ela fica nervosa e não consegue curtir. Mas quando ela reencontra Clara, tudo muda. 

Eu ajustei minha blusa e olhei para minha imagem refletida na janela. Eu conseguia ver que a multidão no terraço do prédio estava começando a se dispersar. O pôr do sol laranja iluminava a festa e me fazia sentir como se eu já estivesse um pouco bêbada. 

- Tô vendo que você já tá de olho nas pessoas.  

- Ei, eu só estou vendo se todo mundo está se divertindo. 

- Todo mundo aqui é adulto. Você não precisa ficar fiscalizando se está faltando bebida. Eu só quero que você aproveite sua própria festa. 

- Eu estou. Eu aproveito só de estar cuidando das coisas desse jeito.

- Para de ser doida, garota. 

- Você também é. 

Olhamos para uma ruiva chegando, com um vestido longo e óculos escuros. 

- Eita, a Clara acabou de chegar. 

- Ela deveria saber que esse é o fim da festa… Você chamou ela?

- Lógico. Você fica stalkeando ela no Instagram desde que eu fiz aquelas fotos com ela. Fora isso, você falou que eu poderia convidar quem eu quisesse. 

- Bom, ela parece estar ótima. 

A festa parecia que tinha mudado. Um espaço se abriu para a Clara, naquele seu esplendor ruivo, caminhar. Ela estava no parapeito olhando para todos. Perfeitamente casual, com seu vestido longo com uma parte do seu abdômen à mostra. Ela parecia que tinha acabado de sair de um iate em Ilhabela. Eu imaginei ela ao acordar, a luz da hora dourada batendo na sua pele. 

Dei um oizinho de longe. 

- Você tá encarando, vai logo falar com ela. 

- O que eu posso falar? 

- Vai garota, use sua magia da extroversão. Pergunta sobre o que ela faz. Aposto que ela tá doida por uns jobs de modelo.

- Para de ser doida. Ai meu deus, ela tá vindo aqui. 

- Vou pegar um drink para vocês conversarem. Boa sorte! 

Eu balancei a minha cabeça e fiquei de costas para o bar. Dei um longo gole no meu Cosmopolitan e fiquei a encarando timidamente, com um meio sorriso. 

- Oi Dominique. 

- Oi! 

- Você se importa se eu fumar do seu lado?

- De forma alguma. 

Ela começou a fumar do meu lado em silêncio. Ela estava perto o suficiente para eu sentir o cheiro do seu perfume. Jasmim e algo profundo, como couro. Eu olhei para olhar os prédios do entorno e ela fez o mesmo. E quando eu virei minha cabeça para a observar vi seu sorriso. 

- Você quer fumar também?

- Agora? Tá bom. 

- Então, você é mais observadora? 

- Normalmente não. Normalmente eu fico trabalhando sem parar para ter certeza que todo mundo que está tomando um drink e contente. Sendo a anfitriã. Eu não consigo me segurar. Mas hoje não. Eu tô tentando ser mais informal. 

- Sim… consigo sentir isso. 

Eu estava claramente nervosa, amassando minhas mãos nas minhas costas. 

- E o que mudou hoje?

- Ah, você vai achar brega. Mas foi um relacionamento. 

- Um rompimento de relacionamento?

- Não. Melhor te poupar da história toda. 

- Não, eu quero ouvir. 

Eu comecei a falar e percebi que as pessoas nos observavam enquanto falávamos, mas eu estava sinceramente cagando para isso. Ela me olhava nos olhos. Eu sentia como ela estivesse me desafiando, mas eu não conseguia manter o contato visual. Eu olhava pra baixo, para os lados… conseguia contar as suas sardas. 

Meus pensamentos pareciam nós atados. Mas com cada pergunta que ela fazia, eu sentia como ela estivesse os desenrolando. E eu me peguei falando coisas que eu não falava nem mesmo pra mim mesma. 

Naquela hora, o pôr do sol já estava acabando. Nós estávamos sozinhas no telhado.  Eu mal notei. Parecia como se nós estivéssemos nos conhecido há muito tempo. Tinham palavras e perguntas que eu sentia que ela fazia como se quisesse descobrir algo a mais. 

- Bom, talvez você ainda não tenha ficado com uma pessoa que sabe o que você quer. 

- E o que você acha?

- Acho que você está cansada de fazer muitas escolhas. Ter que decidir por todo mundo. Eu acho que você quer uma pessoa que te cuide e tome as rédeas. 

Eu não sei o que me possuiu naquele momento, mas eu soltei:

- E porque você não toma as rédeas? 

Ela sorriu e colocou uma das minhas tranças atrás da minha orelha, passando a mão no meu pescoço. Eu coloquei as pontas dos meus dedos no seu vestido, pegando as alças e a trazendo mais para perto. 

Clara estava com as mãos nos meus quadris. Eu balancei a cabeça afirmativamente e ela levantou o tecido da minha saia. Ela tirou minha blusa e colocou a língua nos meus mamilos. 

Não tinha muitos móveis no terraço. Eu vi uma mesa baixa de madeira dando bobeira e eu não precisei falar nada. Ela disse, no meu ouvido:

- Seja uma boa garota e deite naquela mesa. 

- Sim, senhora. 

- Desse jeito. 

Ela tirou o vestido e pegou o tecido. Eu levantei meus braços, conforme ela instruiu, e ela prendeu com o vestido de verão dela. Puta que pariu. 

- Se você quiser que eu pare, fale Vermelho. Mas faça o que eu te pedir. Eu sei que você quer alguém que tome as rédeas, mas o controle é um hábito difícil de perder. Quero te ajudar nisso. 

Ela se ajoelhou entre as minhas pernas e desceu minha calcinha. Sentia como se toda a cidade estivesse de olho na gente.

Ela começou a passar a língua em toda minha vulva: nos lábios, no meu períneo, quase escapando do meu clitóris. Ninguém tinha me chupado assim. A sua boca parecia que queria me devorar por completo. Tomar todo o controle. 

- Ah… Me come…

Ela começou a ir com mais força, agora direto no meu clitóris, o beijando com força. Eu queria empurrar sua cara contra a minha buceta, mas estava presa. Levantei meus quadris para irem na sua boca. 

Senti dois dedos dentro de mim enquanto girava a língua no meu clitóris. De novo, de novo, e de novo. Eu levantei minhas costas, meu ombro na tábua fria da mesa. Eu me sentia chegando em primeiro lugar em uma corrida, meu corpo quente e meus gemidos incontroláveis. 

Gozei com tudo, meus fluidos escorrendo entre minhas pernas. Senti a vibração da sua risada, enquanto ela levantava e sorria para mim. 

Se isso era perder o controle, eu queria perdê-lo todo dia. 

 Tradução livre de conto publicado no Dipsea. Escute o áudio original.

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