Sexo para mulheres: autodescoberta e libertação
O sexo é muito mais do que apenas sexo: é uma experiência de autoconhecimento e descoberta de todo nosso potencial e instintos.
O sexo para nós, mulheres, deveria ser o ápice do nosso clímax. Afinal, temos o clitóris, um órgão inteiramente dedicado ao prazer. Infelizmente, um estudo realizado com universitários identificou que mais de 90% dos homens e apenas 39% das mulheres afirmavam sempre atingir o orgasmo durante relações. Um número muito significativo e estarrecedor.
Na mesma pesquisa, foi constatado que 32% das mulheres atingiam o orgasmo durante relações sexuais casuais, mas o número subia para 72% quando eram orgasmos em relações sexuais em relacionamentos duradouros. E a desigualdade fica mais profunda: em uma amostra nacional dos Estados unidos, 64% das mulheres e 91% dos homens afirmaram ter um orgasmo no seu encontro sexual mais recente.
O problema da desigualdade do orgasmo está na mulher? Já descobrimos que não é isso. Ao se masturbar, 95% das mulheres atingem o orgasmo em minutos. No sexo lésbico e na masturbação, 99% das mulheres estimulam diretamente o clitóris. Isso explica porque relacionamentos lésbicos têm uma maior taxa de orgasmos. Como afirma a pesquisadora Peggy Orenstein, a desigualdade é fruto de um conjunto de fatores: a falta de informação da anatomia feminina, a educação através da pornografia e os arquétipos de mulher submissa e homem agressor - tudo leva a essa desigualdade.
É muito mais do sexo
Tão natural como respirar, comer e dormir, o sexo é uma das nossas funções vitais que vão muito além da reprodução e do ato sexual em si. Faz parte do nosso bem estar, de descobrir a nossa essência: sexo para mulheres é entrar em contato com o nosso estado selvagem e instintivo.
“Ela é a força da vida-morte-vida; é a incubadora. É a intuição, a vidência, é a que escuta com atenção e tem o coração leal. Ela estimula os humanos a continuarem a ser multilíngues: fluentes no linguajar dos sonhos, da paixão, da poesia. Ela sussurra em sonhos noturnos; ela deixa em seu rastro no terreno da alma da mulher um pelo grosseiro e pegadas lamacentas. Esses sinais enchem as mulheres de vontade de encontrá-la, libertá-la e amá-la. (...) Ela ficou perdida e esquecida por muito, muito tempo. Ela é a fonte, a luz, a noite, a treva e o amanhecer. Os pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que diz: ‘Por aqui, por aqui’.”
(Pinkola Estés, 1994, p. 27).
O nosso bem estar sexual é diretamente ligado com nosso encontro com o nosso estado latente, selvagem. Entender o nosso potencial orgástico é se autodescobrir e compreender o poder dos nossos ciclos, da nossa fecundidade e a nível mais profundo, entender nossa capacidade erótica.
O sexo para mulheres é uma questão de resistência, de procurar nossos instintos suprimidos e apagados por uma sociedade misógina que tentou nos diminuir através de uma cultura machista e pornôcentrica as nossas vulvas e a nossa capacidade múltipla de prazer do clitóris.
Em um estudo de 2014, pesquisadores descobriram que mulheres que se masturbavam e faziam sexo casual tinham uma probabilidade maior de estar mais envolvidas com seu bem estar e ter uma auto estima boa. Outra pesquisa conta que mulheres millenials com auto estima alta relataram ter um sexo mais satisfatório. Essas mulheres falaram que a frequência de orgasmo aumentava porque havia mais comunicação e exploração durante o sexo.
Preliminares não existem
Precisamos desmistificar a ideia das preliminares. Uma rápida pesquisa no google, encontramos artigos como “Acerte nas preliminares” ou “10 ideias de preliminares”. E quanto mais paramos para pensar nessa categoria de preliminares, mais entendemos o quanto o sexo foi moldado para ser uma receita de bolo, com roteiro pronto vindo direto da indústria pornográfica.
Beijar, sexo oral, carinhos, masturbação mútua ou sozinha - tudo é sexo. As preliminares não existem: a partir do momento que começamos uma troca mútua ou solo em busca do prazer, estamos praticando o ato sexual. A nossa cultura falocêntrica tem tendência a dizer que o sexo é o ato da penetração, do pênis dentro do canal vaginal. E isso é um mito (dos mais grosseiros possíveis).
Essa denominação exclui os casais LGBTQI+, por exemplo. Como os casais não heterossexuais fazem ao transar? Um casal de lésbicas não está transando? Estão somente nas “preliminares”?
A penetração é uma opção, independente do gênero e do sexo. Transar com penetração, independente que seja com um pênis, um vibrador ou um dildo, é uma escolha pessoal e que varia de corpo para corpo - e da nossa preferência sexual.
Nosso prazer é único e intransferível e nunca deve seguir um roteiro, um script imposto.
REFERÊNCIAS
The incidental orgasm: the presence of clitoral knowledge and the absence of orgasm for women - Lisa D Wade, Emily C Kremer, Jessica Brown
National Survey of Sexual Health and Behavior - Indiana University
The Hite Report: A National Study of Female Sexuality - Shere Hite
When Did Porn Become Sex Ed? - Peggy Orenstein
Who Benefits From Casual Sex? The Moderating Role of Sociosexuality - Zhana Vrangalova, Anthony D. Ong
The Association Between Developmental Assets and Sexual Enjoyment among Emerging Adults in the United States - Adena M Galinsky e Freya L Sonenstein
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