Permita-me te tocar
Histórias eróticas para mulheres livres. Se inspire e desperte a sua imaginação para sentir na intensidade que você deseja. Contos para gozar, se deleitar. Na vida, no quarto e na cama.
Ele colocou a mão embaixo da toalha. O toque era firme, objetivo e sem insinuações. Até que algo aconteceu...
Ela chegou ao hotel preocupada com detalhes sem importância. Se perguntava perto de quem se sentaria na área da piscina, se a interação com os outros hóspedes aconteceria de um jeito espontâneo ou se as atividades recreativas já teriam iniciado. Talvez esse tenha sido seu jeito de ignorar questões mais urgentes como aderir ou não ao nudismo e decidir se estaria disposta a ceder às investidas de outros casais para uma troca de parceiros.
E pensar que tudo começou quando seu marido lhe propôs deixar o filho com os avós para viajarem sozinhos depois de quase dois anos falando basicamente sobre fraldas, escolas e viroses. A exigência que ela fez foi somente uma: não importava o destino, contanto que não precisasse ouvir criança nenhuma chorando no café da manhã. Se era para se livrar – temporariamente – do cansaço da maternidade ela o faria em grande estilo. A busca no Google os levou até sites onde o termo adults only se misturavam com palavras como festas libertinas, hotéis liberais, voyeurismo e afins.
Muito embora a proposta fosse novidade, o conceito em si era algo com o qual eles já estavam familiarizados. Nos primeiros anos do casamento foram a algumas casas de swing motivados pela curiosidade de saber o que se passava nos famosos dark rooms. Era excitante para eles pensar que podiam se sentar com amigos, falando sobre política ou lançamentos na Netflix quando, na noite anterior, tinham assistido a casais estranhos transarem ao som distorcido das músicas disco de casas noturnas em Moema. A experiência os ajudou a reafirmar que eram perfeitos um para o outro. Consideravam a volta para casa, quando trocavam impressões no banco de trás do Uber sobre quem e o que viram durante a noite, a melhor parte daquela aventura secreta.
A decisão de ir para tal viagem foi feita com um planejamento que trouxe uma certa sensação de controle. O plano era se hospedar somente duas noites no hotel liberal e passar os demais dias em uma hospedagem padrão. Acabaram por pagar dois lugares e dormir majoritariamente no primeiro, felizes por terem tido suas expectativas mais extravagantes superadas.
Enquanto faziam o check-in na recepção que era exatamente igual a qualquer outra, ela se deparou com pessoas comuns e sentiu um misto de alívio e decepção. Foi ao passar pelo bar da pousada durante o tour de reconhecimento que algo, ou melhor, alguém lhe chamou atenção. Sorriram imediatamente um para o outro.
Ele não era em nada parecido com os homens que geralmente despertavam seu interesse. Ela nunca apreciou muito os surfistas tatuados e não achava um corpo torneado mais sexy que qualquer outra figura. Mas os olhos e o olhar eram na medida exata para provocar um frio na barriga que a acompanharia durante toda viagem, como uma náusea incessante da qual não queremos nos livrar nas descidas de uma montanha russa. O semblante dele transmitia uma melancolia charmosa que fazia dele a caça (ou seria o caçador?) perfeito.
"Esse é nosso massagista", disseram. Ela entendeu o recado. Qualquer tentativa de interação, digamos, extraprofissional com os funcionários estava fora de cogitação. Pelo menos era isso que pregavam as normas publicadas no site daquela hospedagem à beira-mar em um dos famosos points para swingers no litoral do nordeste brasileiro.
Ela sabia que o apelo de sua beleza, sustentada muito mais pelo sorriso cativante e andar altivo do que pelo enquadramento em certos padrões, não faria ninguém arriscar o próprio emprego. Optou rapidamente por apagar a fagulha que acendeu dentro dela, ainda que aquela partícula incandescente que se solta de um corpo em brasa pudesse ser sentida da boca do estômago até a ponta dos seus dedos.
No quarto as atividades eram incessantes. Ela só queria uma folga. Pensava em relaxar sem parecer irresistível ao parceiro de mais de uma década que não conseguia se conter diante da visão dela de biquíni. Eventualmente decidiram sair para explorar o local. Foram para a jacuzzi que ficava em um espaço mais afastado da área social somente para serem ignorados por um casal que saiu assim que os viu chegar. Mudaram para a piscina onde cada canto estava ocupado por uma dupla envergonhada e ao mesmo tempo atenta aos movimentos alheios.
De repente ela pensou em voz alta "e seu eu fizesse uma massagem?". Seu parceiro a incentivou. Estavam ali para relaxar, afinal. E ela foi. Trocou o biquíni por um que não estivesse molhado (ainda) e pediu, sem disfarçar a vergonha, que a sessão não fosse dentro do seu quarto. Seria a primeira vez que receberia uma massagem profissional executada por mãos masculinas. Nunca havia permitido que um homem estranho lhe tocasse antes. E a simples ideia de que aquele cara por quem sentiu atração instantânea iria depositar as mãos no seu corpo a fez corar.
O espaço zen ficava próximo à entrada do restaurante, não muito longe da piscina. Zero discrição, exceto pelas lonas triangulares num laranja desbotado de tanto sol. Se encontraram na hora marcada. Outro sorriso. Poucas palavras. Ela se deitou na maca forrada com uma colcha de artesanato vermelha quadriculada com o cheiro de todas as outras que já tinham encostado ali. Com ela deitada de costas, ele desamarrou a parte de cima do seu biquíni sem despi-la por completo e cobriu seu quadril com uma toalha branca.
Durante os primeiros vinte minutos ela pode verdadeiramente relaxar. Vozes ora próximas, ora mais distantes a lembravam de que estavam em um espaço com privacidade o suficiente para que movimentos sutis não fossem flagrados, mas ainda assim em lugar público. Ele colocou a mão embaixo da toalha. O toque era firme, objetivo e sem insinuações. Até que algo aconteceu...
Ele trocou o óleo por um creme hidratante e passou a massagear as mãos dela. Fazia movimentos circulares, lambuzando as pontas de cada dedo, como se tentasse memorizar as linhas de suas digitais. Ela moveu o quadril algumas vezes, corrigindo a postura enquanto tentava disfarçar o constrangimento. Paralelamente à sessão eles conversaram amenidades. Ele contou que era solteiro, vinha de algum país da América Central e morava no Brasil há alguns anos, desde que sua ex-mulher desistiu da vida nômade caiçara e o deixou com uma lista de clientes que compartilhavam e um coração partido. O relato dele era vazio de emoções. Ainda assim ela o leu como um convite para uma aproximação.
Intempestivamente, enquanto ele tocava a palma da mão dela com os dedos, puxou-o com força, trazendo-o para mais próximo de seu corpo. Sem dizer uma palavra, ele retribuiu o gesto, acariciando a mão dela puramente pelo prazer do toque. Ficaram em silêncio, dedos entrelaçados. Ela não podia vê-lo, já que seguia deitada. Mas conseguia sentir que a energia que emanavam havia mudado de frequência. Essa subversão tão singela, com uma duração de poucos segundos, criou entre eles um clima muito além do flerte. Se tornaram cúmplices de algo quente e estimulante.
"Acho que não consigo mais relaxar", ela disse com o rosto ainda apoiado sobre a maca e voz trêmula. Ele apenas riu, igualmente desconcertado. Quando a massagem terminou os dois se despediram com um beijo em cada lado da bochecha. Ele lhe entregou um pedaço de papel tirado de algum caderno com seu nome e número de telefone escrito com caneta azul. "Se quiser outra massagem pode falar diretamente comigo", sugeriu sem acrescentar à fala nenhuma insinuação. Um enigma daqueles que valia a pena investir tempo decifrando.
Ao voltar para o quarto ela encontrou um marido ansioso por detalhes. Custou para que ele acreditasse que nada demais havia acontecido. O que ele queria, na verdade, era que a esposa fosse a primeira dos dois a sucumbir às tentações daquele ambiente libertino para que ele pudesse lhe cobrar a mesma liberdade quando a oportunidade surgisse. Algo que não tardou a acontecer.
Na manhã seguinte, logo ao despertar, ela escreveu para o massagista. "Adoraria receber mais uma massagem". Estava ansiosa para revê-lo. Na noite anterior uma tentativa frustrada de conhecer outros casais só a deixou ainda mais excitada.
O marido lhe propôs deixar o quarto só para ela. Ele iria até a cidade conhecer o entorno para que a massagem ocorresse sem interrupções. Seguindo a orientação do parceiro estrategista, ela pediu que, dessa vez, a sessão ocorresse a portas fechadas. A resposta chegou logo em seguida. Ele estava a caminho.
Se cumprimentaram. Ela esperou ao lado da porta sem saber se a trancava ou não enquanto ele montava a maca, cobrindo-a com a mesma colcha do dia anterior. Ademais do material de trabalho, nada seria como antes. Ela se deitou e autorizou que ele tirasse a parte de cima do seu biquíni. Durante os primeiros minutos, conversaram trivialidades. Ela tinha um propósito e não sairia de lá sem respostas. Queria decifrar quem era aquele homem para quem ela estava dando acesso ao seu corpo.
Perguntou se ele era muito assediado, se gostava mesmo do que fazia e como tinha ido parar em um hotel liberal no nordeste do Brasil. Muito mais do que conhecê-lo, ela queria saber até onde iria aquele jogo de sedução. Estaria ela, uma mulher de trinta e poucos anos que fingia não ter filhos (embora as estrias do seu corpo denunciassem o contrário), fantasiando um clima platônico com aquele rapaz que certamente não era nascido nos anos 1980?
Ele contou que investidas aconteciam eventualmente e que não era raro pedirem por um "final feliz", mas que não gostava da ideia de misturar negócios e prazer. Disse isso e passou a massagear os dedos das mãos dela com o tal creme que deu início a tudo isso. Ela sentiu o corpo todo arrepiar. Estava dividida entre dar o primeiro passo e evitar ser rejeitada. "Seria uma pena seu biquíni branco sujar com o óleo que queria passar em você", ele falou. Ambos concordaram que seria melhor tirá-lo. Ela pensou que desatar os nós bastaria, mas ele foi além. Soltou os laços, tirou a peça passando-a pelos joelhos e pés e a deixou sobre a mesa de apoio lateral.
Ele se posicionou na cabeceira da maca, com a cintura tão próxima a ela que chegava a bagunçar seu cabelo trançado. Ia deslizando suas mãos desde os ombros até as pernas, passando por seu cóccix e demorando naquilo que na perspectiva dele parecia duas montanhas redondas, deliciosas e escorregadias.
Ele buscou a mão dela e entrelaçaram os dedos novamente. Benditas mãos. Impetuosa ela perguntou: "qual desculpa você me daria se eu te pedisse um beijo?". Falou e ao mesmo tempo se arrependeu. Mas ele não lhe deu tempo para que mudasse de ideia. "Nenhuma", disse imediatamente. Ela sorriu aliviada por confirmar que tudo aquilo era real. Tal qual sua imaginação fogosa antecipava. Então se levantou, sentou-se na maca de frente para ele, permitindo que houvesse espaço para que ele se aproximasse até caber entre suas pernas e se beijaram. Nada especial. A vergonha tinha secado ambos os lábios. Não houve encaixe. Pelo menos não naquele segundo.
Sem jeito, ele sugeriu que ela se deitasse de barriga pra cima para darem continuidade a massagem. Se sentiu exposta. Ela estava totalmente nua e, agora, olhando-o nos olhos. Ele passou a acariciar o colo dela com as mãos em formato de triângulo que diminuía de tamanho até comprimir o bico duro dos seios, fazendo-os sobressaltar. Ela cobriu o rosto sem coragem de encará-lo. Ele tentou descontrai-la. "É só uma massagem. Curta o momento".
Sentindo que tinha abertura, ele passou a concentrar seu toque entre as coxas dela. Subindo e descendo as mãos até que os dedos dele encontraram espaço para ir mais a fundo. Ele se demorou nesse movimento, mergulhava nela alguns centímetros e tirava o dedo indicador e do meio de dentro daquele ninho molhado. Uma e outra vez.
Ela franziu a testa como quem entra em transe. Pediu que ele beijasse seu pescoço, que mordesse sua orelha. Ele atendia prontamente, como se aquela fosse sua obrigação misturada com a melhor execução de seu livre arbítrio.
Sem conseguir encará-lo, virou-se de costas. Dessa forma não precisaria esconder dos olhos dele o pudor que aos pouco se esvanecia dela. Mais uma vez ela trouxe-o para perto, conduzindo a mão dele para o meio de suas pernas e usando os dedos besuntados de óleo como seu brinquedo particular.
Se sentia tão úmida que ficou com medo de manchar aquela colcha velha. Seria essa a essência impregnada no tecido que ela sentiu desde a primeira sessão? Talvez por isso não tenha conseguido atingir o clímax. E nem precisava. Não sentiu a explosão do gozo, mas nem por isso deixou de experienciar uma intensidade de prazer tão duradoura que a fez reviver aquela cena dezenas de vezes.
Em nenhum momento ele fez menção de exigir algo em troca. Esse altruísmo era incrivelmente excitante. E ela quis retribuir aquela devoção toda. Perguntou de que forma poderia agradecer. Ele, pragmático como sempre, pediu que ela também o massageasse.
Para ela aquela inversão de papeis era sua chance de dominá-lo por completo. Se é que isso já não havia acontecido. O conduziu para que se deitasse na cama. Em geral as massagens começam pelas costas, ombros. Mas ele, sabiamente, deitou-se de barriga para cima. Sabia exatamente qual era a área tensionada carente de uma descompressão.
Ele tirou a regata branca e se deitou vestindo somente uma bermuda de tactel preta. Ela espalhou um pouco do óleo dele nas mãos e começou a tocar seu corpo. Nunca tinha experimentado alguém tão firme e tão frágil ao mesmo tempo. Depois de alguns minutos brincando com seus pelos e poros, não sobrava mais nenhuma área a ser tocada exceto uma. Aquela que concentrava toda rigidez já esvanecida do restante do corpo.
Sem saber até onde deveria chegar, ela sutilmente passou suas unhas pelo elástico da roupa debaixo dele. Imediatamente ele arrancou, quase que com pressa, a última peça de vestimenta sem dizer nada. Ela começou a tocar sua virilha e se demorou nessas carícias até colocar seus dedos suavemente naquilo que ele havia mantido relativamente adormecido talvez pelas circunstâncias em que se encontravam. Afinal, ela não deixava de ser uma mulher casada e ele um funcionário terceirizado do hotel em horário de trabalho.
Ela uniu a ponta do dedão com a do indicador, formando uma circunferência do tamanho ideal para comprimir aquela forma cilíndrica com força e fricção. Não eram apenas movimentos verticais. O malabarismo que ela executava com as mãos fazia uma dança sinuosa e ininterrupta. Enquanto uma mão segurava-o como um mastro encontrado em alto-mar por um náufrago, a outra brincava com as partes mais ocultas e tantas vezes esquecidas nas relações heterossexuais. Ele aprovou. Quem faria objeções a investidas tão ultrajantes quanto sensuais? Apesar de todos os estímulos, ela percebeu que algo o impedia de se entregar por completo. Estava resistindo. Ele não queria sujá-la, segundo suas próprias palavras.
Ela pegou uma toalha do banheiro e cobriu-o da cintura para baixo. Mal terminou de ajeitar a cortina improvisada e sentiu a sua mão que mantinha as carícias se molhar de um gozo que escorreu lentamente, quente como as lavas de um vulcão incandescente que desperta do sono mais profundo. Ele estremeceu a ponto de levantar as pernas e encolher os dedos dos pés. Teve dificuldade de se recompor. Respirou fundo e saiu da maca sorrindo, enquanto agradecia com palavras e principalmente pelo olhar. Aceitou tomar um banho, recusou o copo de água.
Se despediram com estranheza. Era novo. Para os dois. Outro beijo sem encaixe. Os lábios ainda estavam secos. Diferentemente de todo restante. Ela não sabia como falar do pagamento. Não queria que ele se sentisse vulgar. "Acerte com a recepção. O tempo extra é por minha conta", falou no tom que permanecia uma incógnita.
Quando ela abriu a porta do quarto para que ele saísse, viu o marido esperando-a sentado na espreguiçadeira da piscina. A primeira coisa que ele fez foi pedir os detalhes da massagem. A segunda foi avisá-la que os planos para o dia seguinte já estavam garantidos. Um passeio de barco com entusiastas de orgias que a fariam rever tudo o que pensava ser sinônimo de liberdade e entrega sexual.
Por Monique dos Anjos
Monique dos Anjos é jornalista, consultora de diversidade e há vinte anos escreve sobre o universo feminino, sexualidade e comportamento. Quando não está às voltas com seus três filhos e marido, produz contos eróticos que misturam narrativas envolventes, descrições sensoriais e mulheres com corpos, desejos e expectativas reais. Confira seu projeto de contos eróticos, o Contos Erógenos.
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