Contos para deixar a mente viajar

Conto 1 | A Virginiana

Tinha esse cara que já tinha trabalhado comigo. Ele era um cliente para um projeto externo, e artista - daqueles que tem um ego que não passa em uma porta de tão gigante. Todo nosso escritório achava ele um gato. Eu achava ele um pedante chato, todo mundo revirava o olho pra quando eu falava isso. 

Claro que eles estavam certos. Ele era um gato. Mas eu não queria que ele soubesse disso. Quando o projeto acabou, eu lembro que exclui seu contato no meu celular. Foi um alívio. Mas é claro, eu precisei de um favor e tinha que encontrá-lo. Merda.

- Oi, você lembra daquele artista que todo mundo falava que era gato?

- Eu não acho que eu estava trabalhando aqui ainda...

- Sim, você estava! Ele era diretor criativo na 840. Ele fez aquela instalação pra gente na Pinacoteca. Lembra, aquela que mudava o formato de acordo com ângulo 

- Ah! Eu lembro. Era cinza e três dias depois do lançamento ele mudou para verde. 

- Isso, ele mesmo. Nossa, ele é muito arrogante.

- Mas foi por isso que ele ficou muito famoso. Por ter mudado a cor.

- Eu sei... ele promete, ele cumpre. Ai cacete...

- Eita, que tá acontecendo?

- Nada, desculpa, tô dirigindo aqui no meio do nada. Tô indo pro estúdio dele, na serra da mantiqueira. 

- Nossa! Um estúdio no meio da floresta. Poxa, tenta manter a mente aberta!

- Ele demorou uma semana para responder meu e-mail. Menor senso de urgência. Ridículo!

- Você é virginiana demais pro seu próprio bem, hahaha. 

- Não entendo nada de signo. 

- E Maria, você esqueceu de me falar que ele é um gostoso. 

- Sim. E honestamente, essa é a pior parte. 

- Ele parece ser alto. 

- Sim, ele é. Ele é muito, muito gato. E ele sabe que é. Mas ao mesmo tempo, ele usa aquelas sandálias crocs.

- Nem tudo é perfeito, né? hahaha. 

- Opa. Tenho que ir. Falo contigo depois. Parece que cheguei.

- Sim! Se divirta!

No caminho até a casa não tinha a grama aparada e consegui ver uma casa com um telhado vermelho, super rústica. As heras cresciam pelas paredes brancas. Eu arrastei a porta de vidro. Um sinal bem grande avisava que não precisava tocar a campainha. Então tá. Ele também me esqueceu que eu não deveria vir de salto. Téo estava em um quarto que deveria ter sido uma sala de estar em outra vida. Mas agora o chão era concreto puro. Ele estava parado segurando um maçarico enorme na frente de um pedaço de metal, se desfazendo e brilhando com as chamas. Vi o suor escorrendo nas costas da sua camisa de linho. Ele parou o que estava fazendo e tirou a máscara de proteção. Limpou o suor na sua barba bem feita com a manga.

- Oi! - e me deu um sorriso contagiante, como se fossemos amigos antigos.

- Oi.

- Bem na hora, mas não poderia esperar algo diferente de você né? haha. Tô quase acabando aqui. Fica à vontade!

- Claro. Obrigada. 

Eu fui para o outro quarto e vi uma parede pintada com um vermelho agressivo. Mas o pé direito era pintado de branco - como alguém tivesse perdido o interesse naquilo ali. Vi vários trabalhos descartados e mesas de pintura claramente feitas no improviso. Parecia íntimo demais estar vendo tudo aquilo, como se eu estivesse dentro da sua mente. Uma mesa tinha uma pilha de desenhos de uma mulher. 

- Nossa, ela é linda! Desculpa, não deveria estar bisbilhotando...

- Não, que isso. Dá pra ver que você se sentiu atraída pela obra. 

- Eu achei que você não desenhava retratos, só fazia instalações e esculturas.

- É, eu engano direitinho. Essas na verdade são uma série de retratos que deram errado. 

Eu estava inclinada na mesa esperando ele me chamar para sentar. Como ele não chamou, sentei no banco na frente por conta própria. Eu peguei as fotos de dentro da minha bolsa e coloquei na mesa. 

- Bom, obrigada por essa reunião...

- Você quer algo? Um chá verde?

- Ah! Não, obrigado. Eu não posso ficar muito tempo. 

- Claro, claro. Direta ao ponto.

- Eu imprimi alguns dos stills do projeto pra você. Eu lembro que você não gostava de como a cor é retratada na tela do computador. 

- Ótima memória! Nossa, adorei. Muito obrigado. 

Ele sorriu para mim de novo. Eu coloquei o meu cabelo atrás da minha orelha, sem perder o contato visual com ele. 

- Tá. Vamos ver o que você trouxe. 

Ele sentou do meu lado, quase encostando. Ele colocou as mãos na beira da mesa. Olhei para seus olhos concentrados enquanto estudava as fotos. Descobri que adorava ele assim, focado e atento. 

- Eu não gostei muito dessa parte aqui. Pode descartar.

- Ela toda?!

- Sim. Ela não faz sentido. 

- Mas essa é a parte mais importante da campanha!

- Ué, mudamos. Não podemos?

- Não! Não acho que podemos. Já foram mais de 700 mil reais investidos nisso aqui! 

- Essa é minha opinião. Você veio aqui para saber o que eu achava. 

- Mas você nem olhou tudo!

- Olha, isso não me chama atenção. 

- Não te chama atenção??? - eu estava claramente irritada. Ele estava achando graça.

- O que isso parece pra você?

- Bom, primeiro de tudo, parece um... 

- Viu? Parece porra nenhuma! - a contragosto, ri junto com ele. Porra, ele tava certo. 

- Para, não sacaneia. Isso são meses de trabalho!

Ele ria com gosto, e me senti embalada em suas risadas. Os seus ombros acidentalmente se encontraram com os meus. Eu me afastei na hora, mas continuava a rir junto. Porra, ele tava certo. E só conseguia rir. Isso acontecia comigo às vezes, quando todo mundo tava chorando ou gritando eu ria. Senti as mão dele no meu ombro, pesadas, enormes e quentes. Eu olhei para ele e vi que ele tentava me confortar. Mas o efeito foi diferente. No momento que nos encostamos, senti a adrenalina percorrer meu corpo e senti as pernas deles se encostarem nas minhas. 

Nos beijamos. Ele passeava com seus dedos no meu cabelo enquanto sentia sua barba arranhar de leve o meu rosto enquanto ele me colocava seus lábios nos meus. Era intenso, era forte, e senti que a energia dele se equiparava à minha. 

- Tire suas calças - pedi.

- Você vai me dar uma lição?

- Isso. Agora deita.

Ele empurrou a minha calcinha até cair nos meus tornozelos. Eu deitei ele no banco enquanto sentia ele levantar minha saia até a cintura. Eu sentei em cima dele e o segurei com minha mão. Desci sentando devagar. Como eu amava esse primeiro contato da penetração... senti meus olhos se reviraram. Sentei rápido, e vi que ele estava tentando segurar minha blusa. Eu sentava e apoiava minha mão no seu peito. 

- Hm.... Cacete... Você é...

- Cala a boca e me fode. 

Botei a mão em cima da sua boca e ele começou a lamber meus dedos. Ele me agarrou pela cintura e começou a levantar os quadris. 

- Isso. Me fode de quatro. 

Ele segurava meu rosto enquanto o meu antebraço segurava a mesa. Os desenhos dele espalhados pelo chão. Senti ele me penetrar rápido, com força, empurrando meus quadris para a beirada da mesa. Ele colocou um pé no banco para ter um melhor ângulo para me comer.  

- Me bate - falei, entre os gemidos.

Ele deu um tapinha frouxo.

- Eu disse pra me bater! - Ele bateu com força. Não continha mais os gemidos.

- Mais forte!

A mesa ia pra frente com a força que estávamos fazendo. Eu me agarrava pra não cair.

- Ai porra! Vou gozar. Goza em mim, vai...

- Gozamos juntos, gemendo alto, com as fotografias esquecidas na mesa. 

Tradução livre de podcast publicado originalmente no Dipsea. Escute o áudio original. 

Conto 2 | A Entrevista

Malcom é dono de uma marca de moda de prestígio. O orgulhoso designer nunca achou que baixaria sua guarda para a jornalista que fez a matéria. Mas era Nina - sua antiga amiga de faculdade. O que pode acontecer? 

- Porra, como devo fazer meu trabalho? Devo te colocar em todos os meus desfiles e dar roupas se eles me fizerem favores?

- Olha, eu entendo. Mas você sabe, eu não teria marcado se não achasse que era uma jogada esperta.

- Mas nós concordamos, sem mais entrevistas.

- Sim. Mas se fazer de difícil não vai te ajudar. Você sabe quantas pessoas pediram para te entrevistar nas últimas 24 horas? 

- Eu quero me concentrar em mudar a essa versão que a mídia acha que eu sou. Eu não sou assim. 

- Eu entendo. Realmente entendo. Mas eu já trabalhei com o pessoal desta revista antes e eles são diferentes. Quero dizer, eles são honestos. A editora tem um coração enorme. Nina Vasquez. 

- O quê? Você a conhece.

- Conheço. Fomos amigas na escola. 

- Então tá. Ela pode ser. Por acaso, também estudei com ela na faculdade. 

- Isso significa que você vai realmente se abrir com ela? 

- Tá. Vou. Vou tentar, pelo menos.  

- Então ótimo! Me liga depois pra me dizer como foi.

Me encostei na pia e abri a torneira com força. Me olhei no espelho e borrifei a água na minha cara, tentando não pensar na Nina, como ela me veria depois de todos esses anos. Respirei fundo.

- Você está confiante. Apenas seja você. Seja real. E respire. Apenas respire.

Entrei na sala e ela sorriu para mim:

- Opa! Entra. 

- Bom te ver!

- Faz muito tempo. 

- Sim. Escuta, me disseram que você só tem uma hora. Quer começar a entrevista logo? 

A Nina não tinha mudado. Ela ainda tinha o mesmo olhar penetrante de anos atrás. Ela estava no meio do meu estúdio. O sol batia na claraboia e nas colunas e ela olhava para tudo sem falar nada.

O seu casaco estava dobrado no seu braço como se ela não estivesse tentando ficar confortável demais. Ela olhava para as araras de roupas da nova coleção e anotava. O silêncio perdurava entre nós. Antes de eu falar, eu comecei a calcular as palavras na minha cabeça, pensando com calma antes de falar. Tentando achar a palavra mal dita antes dela achar. 

- Pronto para começar?

- Claro, senta aqui no sofá. 

- Se importa se eu gravar? 

- Sem problemas. 

- Ok. Da última vez que seu nome saiu nas notícias, foi porque teve uma briga com seus stylists. O que aconteceu? 

- Eles não fizeram a pesquisa deles. E descobriram que nossos designs têm ativismo político. E então resolvi demiti-los.

- Você se descreve como alguém que cria controvérsias? Ou as controvérsias te seguem?  

- Haha, você acha que é assim?

- Bom, pelo que me lembro, e corrija se eu estiver errada, você sempre foi uma pessoa intensa. Obstinada e teimosa com suas visões. 

- Pode-se dizer que sim. 

- Seu último desfile foi aberto para o público, mas porque você não abriu para a imprensa? Você tem medo de perder o controle da sua imagem? 

- Não. 

- Então tá. Você estava preocupado que seu relacionamento com a imprensa iria impactar no sucesso da sua coleção? 

- Nossa, você não tá segurando nenhuma pergunta mesmo né?

- E você? Está segurando alguma resposta? 

- Porque eu faria isso? 

Respirei fundo.

- Te respondendo, eu sei o tipo de pessoa que é meu público.

- Você não acha que está reforçando a exclusão do mundo da moda? 

- Eu sei qual é a minha missão. E o que eu defendo. A imprensa pode aceitar ou surtar, não faz diferença. 

- Então pra que essa entrevista? 

Ela cruzou as pernas. Os dedos batendo no notebook. Vi um sorriso se formar na sua boca. Como se estivesse me desafiando. Tem anos que eu não vejo essa expressão no seu rosto. Eu não deixaria barato. 

- Como você gostaria que eu respondesse isso?

- Verdadeiramente. 

- Você costumava odiar fazer perguntas como essa. Lembro de você criando arte ao invés de escrever sobre ela.

- Mas a entrevista não é sobre mim. Então Malcom, não tem como negar seu talento. Mas como você enxerga a sua loja nova de Los Angeles? 

- Você se lembra do nosso estágio em Los Angeles? 

- Malcolm, fiz uma pergunta, não é pra relembrar o passado…

- Nós chegamos muito tarde no hotel e você tava batendo na minha porta. Eu lembro de você falar como você estava com fome e eu precisava achar algo pra comer naquela hora. Era tipo 3 da manhã. Eu lembro da gente comprando birita barata na vendinha da esquina. Do seu colega de quarto puto. De você comendo jujuba e bebendo champanhe de canudinho. Eu lembro que quase nos beijamos aquela noite. 

- Eu ainda estou gravando, e você ainda não respondeu minha pergunta. 

- Então pare a gravação. 

Ele apertou o pause no meu gravador. Eu olhei para seu rosto. Ele me olhava com calma. 

- Porque eu estou aqui, Malcom? Porque você me chamou para seu mundo secreto? 

- Nós sempre confiamos um no outro, não é? Nós podíamos fazer isso. E eu sei que você é a pessoa certa para divulgar essa coleção. Eu quero que você alcance as pessoas certas. 

- Eu quero fazer isso. Mas você tem que me ajudar. 

- Como? 

O espaço entre nós estava fechando. Eu coloquei minha mão na nuca dela. Ela abriu um sorriso largo. Como eu esperava isso. 

- Quantos anos eu imaginei isso aqui. 

Eu fiquei de joelhos e baixei sua calcinha para seus tornozelos. Comecei a passar a mão por sua vulva. Enfiei minha boca de uma vez, testando diferentes pressões. Lambia com calma. 

- Tire suas calças. 

Coloquei a camisinha do meu bolso e ela deitou no sofá. Eu passei meu pau por toda sua vulva molhada até meter, devagarinho. Mais fundo e mais fundo.

- Isso… vai… 

Eu comecei a beijar seus mamilos por cima do seu sutiã. Via sua expressão de puro prazer enquanto acelerava as estocadas. 

- Ai!!!

Ela apertou meu pau e senti ela gozar. Eu não aguentei aquela buceta apertada e gozei junto.

Sentia sua respiração se acalmar por baixo de mim.

- Vamos beber aquela champagne da noite em LA? - ela não parava de surpreender.

- É assim que velhos amigos se reencontram. 

- Mas eu ainda preciso da entrevista!

Tradução livre de conto do Dipsea. Escute o conto original.  

Conto 3 | Minha

Catalina. Era assim que Esteban me chamava. Era só escutar seus passos no meu café que eu arrepiava. Eu era sua. 

- Senhorita, você errou meu pedido.

- Perdão? - Limpei minhas mãos no avental, manchando o logo estampado com café. 

A mulher atrás do balcão levantou o queixo. Ela é curvada e tem uma cara amarrada, com sua roupa toda descombinada, dos pés à cabeça. 

- Eu pedi um mocha descafeinado com leite de soja, e isso não é soja. É espuma.

Era a porra do leite de soja sim. Eu saberia, já que era eu que fazia esse pedido todo santo dia para ela. Eu estava tentando falar isso mas o meu mais novo funcionário, o Evandro, estava olhando atrás da caixa registradora. Ao invés de ser um mau exemplo, eu sorri e disse:

- Desculpe. Deixa eu fazer outro. 

Eu joguei no lixo o mocha perfeito e refiz tudo de novo, fazendo um verdadeiro show com a caixa de leite de soja para todos olharem. Quando eu entreguei para ela, ela deu uma bebericada e saiu, sem falar nada. 

- Que desperdício. Eu vi você fazer o primeiro com leite de soja. Você deveria ter falado algo - comentou Evandro. 

- Foi melhor eu não falar nada. E você sabe, o cliente sempre tem a razão, especialmente quando eles estão errados. 

Ele deu um gemido baixo e foi limpar o chão. 

O Café Lena é menos um café e mais uma kitnet que serve café, apertada entre uma loja de cosméticos e uma loja de velas. Não tem quase nenhum espaço para sentar e curtir. A maioria dos nossos clientes são do tipo que pegam e levam, colarinhos brancos correndo para o escritório e escravos do varejo desesperados por um estímulo. 

- Ô Cat, se importa se eu tirar minha folga mais cedo? Preciso muito de um cigarro. 

Eu comecei a suspeitar que as folgas do Evandro são para ele transar pelo telefone com o namorado bombeiro dele. Eu segurei um sorriso. 

- Vai lá!

Eu estava organizando os xaropes e fazendo mais biscoitos para colocar no display. Estava quase acabando, quando eu vi os sapatos caros entrando na loja. 

Alisando meu avental, eu levantei para olhar para o homem do outro lado. 

- Boa tarde, Esteban. 

- Pra você também, Catalina. - ele disse, alisando o seu lábio de baixo, rosado e inchado, como um pêssego maduro. 

Eu conhecia esse homem desde que eu usava aparelho, na época que eu fazia questão de me apresentar como “Catarina” para todos na empresa do meu pai. O dia que nos conhecemos, o Esteban pegou meu nome e transformou. Para meus amigos, família e funcionários, eu era a Cat ou Catarina. Para os caras que conhecia no Tinder, eu era Cati. Para o Esteban, eu era sempre Catalina. 

- O que posso fazer por você?

- Eu quero um cappuccino, por favor. 

- Já estou trazendo. 

Eu senti minha perna tremer enquanto eu sentia seu olhar me penetrar. Passei o café novo e coloquei o leite para ferver. Seu cheiro amadeirado me intoxicava. 

- Seu cappuccino. 

Ele pegou o copo e deu uma nota de vinte reais. Eu balancei a cabeça fazendo que não. Não fazia sentido eu cobrar dele. 

- Catalina…

- Por conta da casa. 

Nós nos encaramos até, eu finalmente parar. 

- Você está livre para jantar essa noite?

- Talvez.

Ele sorriu, tomando um gole do café. 

- Eu te busco às oito. Curta o resto do dia, Catalina. 

- Você também - eu prendi a respiração enquanto via ele sair da loja. 

Nós tínhamos nossos lugares favoritos. As trattorias italianas, os sushis, os bares de tapas e ostras. Hoje era dia de italiano, no Bistrô Adrianna, com toalhas de mesa pretas e assentos de couro. Eu deixei o Esteban pedir para nós dois: filet mignon com risoto caprese, e um uísque para acompanhar. 

- Como estão os negócios?

- Bons. O Evandro está aparecendo no horário, nós temos alguns clientes chatos, mas no geral, tá tudo joia. E como está meu pai?  

- Homicida. Ele perdeu um caso na semana passada. A empresa inteira está pisando em ovos. 

O Esteban era sócio do meu pai. Nos conhecemos no escritório do meu pai, vinte anos atrás. Meu pai sempre teve um temperamento ruim, mas foi só minha mãe morrer para ele assumir o seu lugar de tirano. 

- Ele me deixou duas mensagens de voz semana passada. Eu deveria retornar. 

- Espera uns dias. Ele entrou na minha sala essa manhã, gritando, nervoso, inventando desculpa pra brigar. Falei pra ele parar de encher a porra do meu saco.

- Haha, ele deve ter adorado. 

- Ele ameaçou me colocar num avião de volta para Bogotá esquartejado. Disse pra ele parar de surtar. 

Ele olhou pra pulseira que ele me deu no meu pulso. Tinha três corações, um para cada ano que eu e Esteban estávamos juntos - a não ser aquele verão depois da faculdade ou a vez que ele me deitou na mesa do meu pai e me chupou até eu gozar várias vezes. 

Eu fiquei vermelha com a lembrança. Lembro como meu pai ficou furioso quando descobriu que estávamos juntos. Alguns ficaram chocados com a nossa diferença de idade, mas pro meu pai era mais que isso: era sua única filha com o seu protegido.  

- Por isso que você quis sair hoje? Dia ruim no escritório? 

- Eu te chamei porque faz muito tempo que eu não te como. 

Direto, ao ponto, ele passava as mãos na minha nuca e nas minhas costas. Eu derretia com os seus toques, feliz de ter usado um vestido de costas abertas. 

Passaram trinta minutos, estávamos no hotel atravessando a rua. Deitada na cama king size, eu o esperava, enquanto ele tirava o paletó na cadeira e tirava meu saltos, enquanto afastava as minhas pernas. Minha saia levantou na altura dos meus quadris. 

- Você anda transando com o Evandro, não é? 

- Não. E mesmo se eu estivesse, não é da sua conta. 

Nós éramos como o fogo e gelo. Ele sentia um ciúmes absurdo, mas eu devorava esse ciúme deles. Nosso relacionamento era aberto, e sinceramente? Ele que lute. Eu adorava ver ele tremer de nervoso, me comer com força, me punir. 

- Sim... - ele alisava minhas coxas, o seu dedão acariciando a tatuagem na minha virilha. Eu deixei minha cabeça ir pro lado, tonta de antecipação. - Aposto que ele queria te trazer pra cá. Comer você assim. 

Ele tirou a minha calcinha com um dedo. Estava quente, mas mesmo assim eu senti o ar gelado na minha vulva. Ele olhou pra minha buceta como se você fosse uma coisa rara, curiosa. Como se ele nunca tivesse me feito gozar de todas as formas possíveis. 

- Ele já me falou que eu tenho mãos lindas. Eu acho que ele queria que batesse uma pra ele. 

- Para de me provocar, Catalina. 

Ele passou as mãos nos meus peitos, meus mamilos duros sob o tecido. 

- Você merece uma lição. 

Ele tirou a camisa e o cinto. Eu fui pra frente, virando meus quadris e colocando minhas bochechas na sua ereção. Eu segurei seu pau - precisava sentir seu desejo com minha língua. Senti seu gemido enquanto eu chupava sem parar, sentindo suas mãos no meu couro cabeludo. 

Olhei para seus olhos enquanto o chupava. Eu amava o jeito que ele olhava pra mim, como se eu fosse a única pessoa possível no mundo que fizesse ele se sentir daquele jeito. 

Ele me empurrou de volta pra cama, tirando meu vestido, seus dedos rodeando meu clitóris. 

- Catalina, você gosta tanto de chupar meu pau que às vezes eu acho que você tem um clitóris na garganta. 

É verdade, eu amo chupar o pau dele. Eu amo minha boca cheia de gozo. Amo ser dele. O beijo dele é intenso, enquanto ele explora meu clitóris, pincelando como um artista. Assim eu ia gozar. Ele sentiu e parou, me virando de quatro e metendo de uma só vez. 

Eu gritei alto enquanto ele me comia, gemendo como um disco arranhado. Ele ia fundo, sem parar, alcançando o colo do meu útero. Do nada, ele parava e começava a me chupar. E eu deixei, deixei ele me usar. Me fazer gozar uma, duas, três vezes. 

- Por favor…

Minha voz está baixa e patética. Ele segura as minhas pernas sob seus ombros e meus peitos balançavam sem parar. Consigo sentir como molhamos a cama por baixo. E ele para, subitamente.

- Não! Porra, não ouse parar!

Ele ri, masturbando o seu pau. Sinto o seu jato quente parar no meio das pernas. A coisa que eu mais amo é ver o Esteban gozar, o seu olhar quando eu o faço chegar lá. 

- Você acha que merece gozar? Você já gozou demais.  

- Por favor…

Ele passa a mão no meu clitóris, ainda inchado e não para de mexer. Cheguei a meu quarto (ou quinto) orgasmo tremendo, um som gutural saindo da minha boca.

Ele me coloca no seu colo, seus braços sólidos me envolvendo. O seu cheiro me conforta - ele tem cheiro de casa. 

Usted es mía. 

Tradução livre de conto publicado no Bellesa. Escute o áudio original.

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