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Autoestima: O que significa e como aumentá-la

Nossas qualidades e limitações são importantíssimas para a formação de quem somos. Aprender a amá-las e respeitá-las é fundamental para a vida como um todo — principalmente para a sexual. Descubra, aqui, como fomentar sua autoestima e usufruir de seus benefícios. 

Apesar de ter ganhado destaque como termo nos últimos anos, a autoestima ainda é subvalorizada e, muitas vezes, incompreendida — principalmente por jovens — apesar de suas vantagens comprovadas. Entre as mulheres, por exemplo, a confiança é uma questão de tempo.

Dados confirmam que a autoestima feminina aumenta à medida que os anos avançam. Numa pesquisa publicada pela Harvard Business Review, feita com 8.655 pessoas, revelou-se que as mulheres têm menos autoestima e menos segurança que os homens até alcançar os quarenta anos. Depois, ela passa a se equiparar entre ambos os sexos, com mulheres chegando ao auge aos sessenta anos e, a partir daí, superando os níveis de confiança relatados pela ala masculina.

No Brasil, segundo a Kantar, empresa de dados, insights e consultoria, que realizou um estudo chamado “O que as mulheres querem”, a construção da autoestima é um processo. Entre os motivos apontados pelas participantes como barreiras para confiança estão:

  • Ausência de autonomia financeira (24%)
  • Autonomia sexual e corporal (23%)
  • Liberdade e pensamento de expressão (22%)
  • Representatividade (16%)
  • Conexões sociais (15%).
Tais elementos fazem com que 20% das entrevistadas relatem baixa autoestima além da média.


MAS O QUE, AFINAL, SIGNIFICA AUTOESTIMA?

Autoestima é, basicamente, o valor que atribuímos a nós mesmas e a nossa capacidade de nos amarmos. É uma apreciação compassiva que fazemos a nosso respeito e a autoaceitação e o autorrespeito que desenvolvemos a partir dessa apreciação empática.

Há um pensamento recorrente — e equivocado — de que autoestima é sinônimo de vaidade. A principal diferença, no entanto, entre os conceitos, é que o primeiro faz referência a nossa relação conosco mesmas, enquanto o segundo é a relação entre nós e outras pessoas.

Apostar na vaidade pode ser um tanto quanto perigoso porque ao pensarmos na aceitação dos outros, acabamos cedendo, mesmo que inconscientemente, aos padrões estabelecidos pela sociedade — sejam físicos ou mentais — e isso nos afasta de uma autoaceitação genuína.

Mas se, ao contrário, apostamos na autoaceitação como ferramenta de desenvolvimento humano, passamos a acreditar que nossas qualidades e também aquilo que nos limita são imprescindíveis para a formação de nossa singularidade, daquilo que faz de nós únicas.

Muitos defendem que a autoestima tem formação primordial na infância. Se a criança foi constantemente oprimida em relação às suas atitudes e seu modo de ser e pensar, é grande a chance de que vire um adulto com baixa autoestima. Claro que é um pensamento um tanto quanto raso, mas o que podemos extrair de importante dessa ideia é de que mesmo que nossa infância tenha sido marcada por micro-opressões, ainda assim é possível que aprendamos, na vida adulta, a nutrir um olhar mais autocompassivo para a mulher que nos tornamos.

Quando desenvolvemos a autoaceitação, passamos a acolher erros e acertos. Longe de sermos permissivas com nossas falhas, é mais sobre aprimorar a capacidade de reconhecer (e celebrar) quem somos integralmente e, a partir daí, mudar determinados comportamentos, se acharmos necessário.

Autoestima é, portanto, a soma de uma apreciação compassiva, que se desenvolve em uma postura de aceitação, respeito e amor pela nossa existência. É aceitar nossa humanidade. É desenvolver (e nutrir) o sentimento de acolher quem somos e adicionar, assim, uma camada extra de bem-estar ao nosso dia a dia. Mais: a forma como nos enxergamos e o valor que atribuímos a nós mesmas têm total influência no modo como vemos o mundo.

Se nossa autoimagem é negativa, tendemos a olhar para a realidade com menos brilho. Mas, se nutrirmos constantemente a autoestima feminina, aumenta-se também a chance de mirarmos a vida lá fora com um pouco mais de esperança e positividade — já que, usualmente, os filtros críticos com os quais enxergamos a nós mesmas serão os mesmos aplicados para analisar o mundo.


BENEFÍCIOS DA AUTOESTIMA

Agora que já sabemos o que significa autoestima, vale abordar quais são, na prática, seus benefícios mais evidentes. Talvez uma das vantagens mais óbvias seja a autoconfiança. Uma vez conquistada essa capacidade de acreditar em nossos pensamentos e decisões, fica muito mais fácil enfrentar desafios e defender nossos interesses.

Quando gostamos de quem somos e respeitamos nossos processos, desenvolvemos um senso de firmeza importantíssimo principalmente para enfrentarmos as intempéries da vida. Já que toda a nossa existência é feita de altos e baixos, de desafios e conquistas, de dificuldades e alegrias, como podemos, então, garantir que não sofreremos tanto quando os momentos de agrura surgirem? Uma saída é, a hora em que a coisa aperta, confiarmos em nós mesmas. Assim, sentiremos mais segurança em passar por tais fases.

Outro ponto importante a ser considerado dentro das vantagens da autoestima é a capacidade elevada de assumir responsabilidade por nossas ações. Uma vez que acolhemos quem somos, passamos a desenvolver, também, a capacidade de compreender onde — e como — precisamos melhorar. Isso porque a culpa paralisa e a aceitação faz com que sejamos pró-ativas naquilo que precisa de mudança.

Com tudo isso na conta, fica evidente que a autoestima feminina tem papel fundamental num dia a dia mais motivado, satisfatório, saudável e pacificador para nós, mulheres.

E no sexo? A autoestima pode trazer benefícios para nossas relações?

O sexo, a autoestima e a saúde da mulher estão intimamente ligados. Quanto mais confiantes estamos a respeito de quem somos, mais relaxadas e entregues estaremos em nossas relações sexuais. Aqui, podemos ver, na prática, a diferença entre autoestima e vaidade: se entramos no sexo preocupadas com o que o outro ou a outra achará da gente, ficaremos reféns do olhar alheio para sentir prazer. Agora, se entramos seguras e confiantes, nossa única preocupação será com a nossa experiência na relação e sobre como estamos sendo satisfeitas

E COMO AUMENTAR A AUTOESTIMA?

Durante a vida, somos condicionadas por uma série de julgamentos, pressões e opressões. Isso faz com que nossa autoestima seja constantemente colocada em xeque. Mas podemos, sim, trabalhá-la e deixar a equação mais equilibrada.

O principal caminho para desenvolvermos a autoestima feminina é o autoconhecimento. Com consciência de nossa história e de nossa personalidade, conseguimos compreender nossas qualidades e nossos pontos fracos e, a partir daí, lúcidas, confiantes e seguras, podemos celebrar nossas qualidades, abraçar nossas falhas e entender, de forma compassiva, limitações que queremos corrigir.

Abaixo, selecionamos algumas dicas bem práticas para que você possa exercitar a autoestima no seu cotidiano:

Olhe-se no espelho

E faça o exercício de acolher a imagem refletida mais do que julgá-la. Não é sobre, necessariamente, olhar-se no espelho e amar o que você vê, mas, sim, sobre conseguir acolher o que está refletido ali, em toda a sua totalidade e humanidade.

Masturbe-se

Audre Lorde defendia o erotismo como fonte vital de poder. Masturbar-se, portanto, é um dos caminhos para que não deixemos essa chama apagar.

Como mulheres, temos desconfiado desse poder que emana de nosso conhecimento mais profundo e irracional. Durante toda nossa vida temos sido alertadas contra ele pelo mundo masculino, que valoriza sua profundidade a ponto de nos manter por perto para que o exercitemos em benefício dos homens, mas ao mesmo tempo tempo a teme demais para sequer examinar a possibilidade de vivê-la por si mesmos. Então as mulheres são mantidas numa posição distante/inferior para serem psicologicamente ordenhadas, mais ou menos da mesma forma com que as formigas mantêm colônias de pulgões que forneça o nutrimento que sustenta a vida de seus mestres. Mas o erótico oferece um manancial de força revigorante e provocativa à mulher que não teme sua revelação, nem sucumbe à crença de que as sensações são o bastante.” -  Audre Lorde
Quando conhecemos aquilo que nos excita, quando identificamos o que gostamos no sexo e o que esperamos de relações sexuais, estamos entrando em contato com essa fonte poderosa de energia vital que é o erotismo — e que tem impacto em todas as searas da vida. Uma vez empoderadas dos nossos quereres, sentiremos aumentar nossa autoestima, eliminando possíveis inseguranças que possamos ter na intimidade.

Não sabe por onde começar? Acreditamos que a busca é a grande descoberta. Se for assim para você também, reserve momentos para se conhecer. Crie um ambiente seguro e acolhedor. Observe, toque e sinta cada parte do seu corpo. Comece contornando o seu prazer além do clitóris. Vá livremente para onde seu corpo e sua vontade a levarem.



Desconfie da autocrítica

Toda vez que a autocrítica bater por aí, questione se você teria o mesmo olhar julgador para uma amiga ou alguém por quem você tem afeição. Normalmente, tendemos a ser mais duras conosco mesmas. Se for preciso, escreva exatamente pelo que você está se julgando, leia e tente se defender da própria autocrítica.

Reveja expectativas, defina metas possíveis

É comum que nos frustremos quando as expectativas não são alcançadas, mas a verdade é que, muitas das vezes, definimos metas difíceis de alcançar. Vale o exercício de rever quais metas pessoais você tem desejado por aí e como minimizar suas frustrações caso eles não sejam alcançados exatamente da forma como você espera.

Cuide-se e não se compare

Por fim, mas não menos importante, inclua em sua rotina momentos de autocuidado. Pausas, lazer ou simples intervalos para pura contemplação: não importa sua preferência, desde que você faça desses pequenos atos um ritual dentro do seu dia a dia. E, claro, pense que isso é um cuidado para você e que compará-lo ao que outras pessoas têm feito pelo seu bem-estar não só é improdutivo, como pode colocá-la num lugar ainda mais distante de sua autoestima.



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