PRESS RELEASE O QUE É SEXTECH?
Sextechs reinventam indústria que já movimenta US$ 30 milhões ao redor do mundo, mas ainda passa despercebida no Brasil - pelo menos até agora.
Elas são parte de uma indústria que cresce 30% ao ano e oferecem produtos e soluções inéditas para problemas milenares. Conheça as sextechs e entenda como elas estão revolucionando o bem-estar sexual no mundo.
Com espaço nos maiores eventos de inovação do mundo - como o CES e o Web Summit -, as sextechs são a nova cara da indústria erótica. Mas, enquanto caminhamos para ter acesso a robôs sexuais e IoBs (Internet of Bodies), ainda enfrentamos o abismo de desconhecimento da própria intimidade, que afeta a percepção individual da sexualidade e o nosso estado de bem-estar sexual. Uma nova geração de empreendedoras está disposta a mudar isso.
Mas o que são as sextechs?
Sextechs são negócios orientados pela tecnologia desenhados para melhorar ou transformar a experiência das pessoas com a própria sexualidade. Apesar de parecer recente, a combinação de sexo e tecnologia é mais antiga do que se imagina. Os primeiros apetrechos eróticos, por exemplo, datam de quase 28 mil a.C., se assemelhando a formas fálicas esculpidas em pedra. Já os vibradores foram inventados na década de 1880, para tratamento de dores crônicas, e só passaram a ser utilizados como objetos sexuais quase 100 anos depois.
Isso porque o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos relacionados ao prazer também é associado a mudanças culturais e afirmações de gênero. Por quase 100 anos, vibradores foram utilizados no tratamento de doenças crônicas e dores na coluna. Foi na década de 1970 que a terapeuta sexual Betty Dodson passou a aplicá-los em seus workshops de auto estimulação para mulheres com o objetivo de torná-las “independentes dos homens para encontrar o próprio prazer”.
O Abismo do Orgasmo
Ao longo da história, a indústria erótica foi envolvida em polêmicas, manchetes excêntricas e muitos tabus. Hoje, seu futuro tem sido retratado pela figura dos sexbots, robôs hiper realistas como o Harmony Sex Robot, apetrechos interativos para sexo remoto como o Kiiroo e tecnologias de realidade virtual para pornografia como o VR Porn.
Mas, enquanto o futuro revela novos cenários high-tech de experimentações do prazer, homens e mulheres ainda convivem com o distanciamento da própria intimidade e a assimetria na experiência sexual do casal.
91% dos homens dizem atingir o orgasmo durante a relação sexual, enquanto só 39% das mulheres afirmam o mesmo.*
No outro extremo desse paradoxo, boa parte da população, na maioria mulheres, ainda enfrenta a falta de prazer nas relações íntimas, especialmente em relacionamentos heteressexuais.
23% das mulheres descrevem as últimas experiências sexuais como nada prazerosas, enquanto só 5% dos homens dizem o mesmo.*Fonte
Trata-se do Abismo do Orgasmo, a diferença significativa do atingimento do orgasmo entre homens e mulheres. O fenômeno é decorrente de uma série de construções sociais que privilegiam o prazer masculino, em relação ao feminino.
Historicamente, a indústria erótica tradicional, criada por e para o masculino, retratou o desejo feminino por meio de uma comunicação performática, inspirada na pornografia, e distante da realidade.
Até hoje, vibradores, dildos e acessórios assemelham-se a brinquedos de qualidade duvidosa reforçando uma imagem distorcida do prazer feminino.
Além disso, a anatomia do prazer feminino ainda é desconhecida. O Complexo do Clitóris, por exemplo, único órgão do corpo humano dedicado exclusivamente ao prazer, foi descoberto, esquecido e redescoberto diversas vezes. Apenas em meados dos anos 2000, foi realizado o primeiro ultrassom em 3D do órgão.
Mesmo assim, hoje sabemos que apenas 18,4% das mulheres afirmam atingir o orgasmo por meio do canal vaginal. Enquanto a imensa maioria, 72,6% sente a necessidade de estimulação clitoriana por meio de diferentes padrões, formas e intensidade.
Essas razões, somadas a tantas outras, levam a uma diferença expressiva na experiência sexual das mulheres ao redor do mundo.
O futuro e as sextechs
Então, como avançamos para um futuro de bem-estar sexual se ainda hoje a anatomia básica do prazer é desconhecida pela maioria das pessoas?
Enquanto a questão se torna cada dia mais evidente pela voz de mulheres que protagonizam a Revolução do Prazer, o mercado mostra sinais de que só tende a crescer. Se hoje a indústria já chega a R$ 30 bilhões ao redor do mundo, com o crescimento de 30% ao ano, deve ultrapassar os US$ 120 bilhões até 2026.
Segundo a especialista Andrea Barrica, fundadora da O.school, o mercado de sextech ainda é muito fragmentado e majoritariamente offline. Mesmo gigantes como a Amazon, que oferece aproximadamente 60 mil produtos de bem-estar sexual, faturando anualmente US$ 800 milhões, não estão destinados a dominar o setor.
Nesse cenário, nas últimas duas décadas, emergem as sextechs, startups globais lideradas, em sua maioria, por empreendedoras em busca de soluções para o problema do bem-estar sexual.
Empresas como Dame, com uma proposta de design e engenharia sofisticados para vibradores femininos. Criada em 2014 por uma sexóloga formada em Columbia e uma engenheira graduada pelo MIT, fizeram sucesso no auge das campanhas de crowdfunding nos Estados Unidos, arrecadando US$ 575 mil com seu primeiro produto, 17 vezes mais do que o esperado. Apesar de ainda enfrentar as dificuldades de uma indústria marginalizada - como a proibição dos anúncios do produto no metrô de Nova York - a marca já se considera responsável por 10 milhões de orgasmos, em menos de 6 anos.
Assim como a Maude, startup lançada no início de 2018, a Unbound, focada em wearables, e a Lola Di Carlo, as novas sextechs têm um design minimalista, identidade sofisticada, linguagem afetiva e desconstroem a imagem enraizada no imaginário coletivo de sexo como algo vulgar ou da auto estimulação como algo embaraçoso.
Além de sextechs focadas no desenvolvimento de produtos, há também novos modelos de assinatura e conteúdo como o Dipsea que oferece histórias eróticas em áudio para mulheres, o Emjoy que oferece áudios para bem-estar sexual e o Ferly que apresenta áudio-guias com sessões, workshops, reflexões e histórias eróticas.
Venture Capital para sextechs
No Vale do Silício, a indústria começa a ganhar mais relevância com a emergência dessas novas empresas, apesar de muitos fundos adotarem políticas de restrição a investimentos dessa natureza. A alternativa, até então, tem sido a criação de campanhas de crowdfunding para financiar o desenvolvimento dos produtos e serviços por meio de clientes e investidores-anjo.
Mas isso está mudando. Na metade do ano passado, surgiu o Intimate Capital, primeiro fundo de Venture Capital de US$ 20 milhões focado em bem-estar sexual. Além dele, o Vice Ventures se propõe a investir em indústrias que, hoje, são consideradas estigmatizadas como a de sextech e cannabis.
Porém, para muitas empreendedoras, ainda é preciso uma mudança no pitch para convencimento dos investidores. Quando os negócios são vistos pela lente do bem-estar, mesmo que sexual, são mais bem aceitos do que quando vistos como sextechs. Com esse pitch, a fundadora da sextech Elvie, Tania Boler, conquistou um investimento de US$ 42 milhões, por exemplo. Ela garante que, se usasse outro enquadramento no discurso, não teria conquistado um valor tão alto em sua rodada.
Isso ocorre porque o mercado de Venture Capital ao redor do mundo ainda é formado massivamente por homens. Segundo dados do Pitchbook, apenas 2,3% de todo capital investido em startups em 2018 foi para negócios liderados por mulheres. Em um setor no qual empreendedoras têm fundado negócios relacionados ao prazer feminino, o preconceito é duplo.
Mas capital para crescer é só o primeiro desafio. Liderar uma sextech também significa lidar com restrições nos canais de comunicação e uma série de tabus.
Publicidade censurada
Por conta de algoritmos restritivos, as startups do setor não podem usar canais comuns de atração de novos clientes como Facebook, Instagram e Google AdWords. Em alguns casos, depois de criar os primeiros anúncios, as contas são bloqueadas. O buscador desses sites, inclusive da Amazon, possui algoritmos que, explicitamente, tornam mais difícil encontrar uma marca ou uma página online.
No caso dos apetrechos sexuais vendidos na Amazon, por exemplo, não há uma exposição das categorias fácil de ser encontrada, ou ainda remarketing por meio de anúncios de Google Display, principal fonte de vendas para outras categorias como livros e eletrônicos. Assim, marcas que usam o marketplace, e tantos outros, têm uma dificuldade extra de chegar até as consumidoras e garantir a venda de seus produtos.
Enquanto marcas de camisinha veiculam posts nas redes sociais e anúncios de Viagra são encontrados em todos os lugares, inclusive na televisão, as marcas mais inovadoras da indústria não têm espaço na mídia. Para denunciar essas distorções, a marca de vibradores Dame criou um jogo chamado Approved, not Approved que apresenta anúncios reais bloqueados ou permitidos pelo Facebook.
E o Brasil?
Algumas iniciativas têm começado a ganhar espaço no Brasil, mas ainda de forma tímida se comparada com o mercado estrangeiro. A Prazer Ela, por exemplo, é um espaço com atividades focadas no prazer e empoderamento feminino. Por meio da Casa Prazer Ela, em São Paulo, mulheres podem participar de sessões de terapia orgástica para descoberta e cura do próprio prazer.
Um dos grandes marcos de inovação do setor em território nacional foi a criação de lojas virtuais com curadoria de produtos estrangeiros lideradas por empreendedoras mulheres, como a Climax, a Pantynova, a Dona Coelha e a Egalité. Porém, grande parte da indústria brasileira ainda está orientada a formas tradicionais de enxergar o prazer feminino oferecendo produtos na sua maioria vibradores, que variam de R$ 20 a R$ 1.200.
O Brasil ainda possui grandes distribuidores de produtos eróticos como a Adão e Eva, fundada em 2007, e a conhecida como "a Avon dos produtos eróticos", a A Sós, fundada em 2010, mas até então não tínhamos nenhuma marca brasileira de vibradores criada por e para mulheres.
A revolução de sextechs de que o Brasil precisa não está relacionada apenas ao surgimento de uma nova geração de produtos e serviços voltados para o prazer feminino, mas principalmente, à construção de um novo discurso sobre sexualidade, que supere a narrativa masculina dominante, protagonizado por empreendedoras dispostas a questionar o modelo atual da indústria.
Sobre a Lilit
Lilit é uma das primeiras sextechs brasileiras criada por mulheres, focada em vibradores e acessórios de prazer feminino. Sua missão é reinventar nossa relação com a própria intimidade, criando novas narrativas de sexualidade feminina: aberta, sincera e afetuosa. Fundada por Marília Ponte, a marca desenvolve produtos baseados no tripé de design, tecnologia e afeto, desenvolvendo os produtos como devem ser: criados por quem usa.
O primeiro lançamento da marca, inspirado no clássico vibrador de necessaire, é o Bullet Lilit. Conhecido por ser pequeno, discreto e compatível com outros produtos de prazer, o minivibrador clitoriano costuma ser o primeiro de muitas mulheres, dada a facilidade de uso e estímulo externo ao clitóris. Porém, na versão reinventada pela sextech, o bullet apresenta um novo conceito de design e melhores funcionalidades, sendo usado também por mulheres que já têm experiência com a autoestimulação.
Depois de realizar testes de conceito e conversas abertas, o produto vem com 5 fases de vibração, três de velocidade e duas de ritmo. Seu uso é silencioso, oferecendo liberdade para o momento de prazer com intimidade e discrição. Na cor bordô, sua proporção é similar a de um batom, feito de plástico ABS seguro com um toque aveludado único que permite a descoberta de novas relações com a própria intimidade.