O reencontro
Histórias eróticas para mulheres livres. Se inspire e desperte a sua imaginação para sentir na intensidade que você deseja. Contos para gozar, se deleitar. Na vida, no quarto e na cama.
Antonia nunca achou que iria rever Luis. Depois de mais de 10 anos, dois intercâmbios em uma pós fora do país, ela reencontra seu primeiro namorado na boate em que se conheceram. Foi o melhor presente que ela poderia ter.
Acendi o cigarro naquela noite. Tinha anos que eu não fumava mais. Pelo menos 5 anos. Mas naquela porta com cheiro de suor e vodka, que lembrava as matinês da minha adolescência, eu decidi fingir que era 10 anos mais jovem.
Eu derrubei a guimba no chão e entrei na porta vermelha. Era como se fosse ontem. O chão quadriculado, o Strokes tocando no último volume, as pessoas se amassando na cortinas de veludo improvisadas.
Eu não sabia se era decadente ou maravilhoso. Ou uma mistura bizarra dos dois. Abri meu celular e vi a mensagem da Isa. Mais uma vez, 2h atrasada pra nos encontrarmos. “Mais 15 min, amiga.” Digitei um tudo bem, mas vem logo.
Viro para o bar e me enfio na fila de jovens adultos com roupas dos anos 2000. Acho graça - é quase um atestado de como eu fiquei de repente velha. A nostalgia corria solta. Até o drinks eram os mesmos que em 2009 - pedi minha velha misturinha de vodka barata com refri.
- Ainda na misturinha, Tonia?
Todos os meus pelos enrijeceram. Sua voz grave, sua presença alta me cercando. Um tesão antigo, alojado dentro de minhas profundezas acendeu. Eu virei e sorri, como se ele não me abalasse. Mas ele sabia que me abalava.
- Bom te ver, Lou. Faz tempo.
- Muito. E aqui estamos nós.
Na mesinha improvisada, contei da minha vida. Dos meus 10 anos fora do Brasil. De quando resolvi voltar, num impulso de saudades e intuição. Ele não tinha mudado tanto: a mesma barba, agora com uns fios brancos, o mesmo olhar de Capitu - olhos sedutores, amendoados. Agora com ruguinhas.
- Eu me separei da Clara. Faz 3 anos.
Ele arrancou o bandaid e o elefante no meio da conversa, como era do seu costume. Eu conhecia Clara do colégio, mas não tinha ideia que ela iria chegar a morar com o Luis. Sabia que eles estavam juntos, mas não tinha certeza se tinham acabado.
- E veio pra caça?
- Não tenho mais saco nem idade pra isso. Levei um bolo do Pedro.
- E eu da Isa.
Parece que montaram esse cenário pra gente.
Os mesmos bolos das mesmas pessoas de 10 anos atrás. A mesma boate. Entre goles de drinks baratos e risadas, era como tivéssemos 20 anos de novo.
Nós estávamos rapidamente na pista cantando Bowie juntos. Ch-ch-changes. Tudo tinha mudado mesmo. Estávamos encarando o desconhecido. Mas ali, nos seus braços, tudo era familiar. Eu empurrei você para as cortinas de veludo. E como 10 anos atrás, você me beijou de volta.
Era diferente, mas era familiar. Seu cheiro, suas mãos ásperas do trabalho de marcenaria, sua barba com cheiro de menta. Olhei para os seus olhos e coloquei a mão na sua calça. Você sorriu, consentindo. Senti seu pau duro, e quase em um piscar de olhos, entramos na cabine do banheiro.
- Tem certeza?
- Muita certeza.
Você me pegou do jeito que eu queria. Suas mãos grossas em virando de frente para a parede, levantando minha saia e colocando minha calcinha de lado. Seus dedos no meu clitóris, girando forte, para direita - eu soltei uma risada. Você ainda sabia o jeito que eu gostava.
Completamente molhada, esperei você colocar a camisinha. A doce antecipação, para sentir você entrar de uma vez. Nossos gemidos se misturavam com voz do rock’n’roll no talo da boate. Mas era como estivesse tudo no mudo. Só sentia seu pau, sua língua no meu pescoço, sua mão em cima da minha na parede. Parecia que iriamos dissolver juntos.
Sentei no seu colo em cima daquela privada de boate. Rimos juntos, soltos, felizes. Era maluquice tudo aquilo. Tínhamos 30 anos.
Mas estávamos mais vivos do que nunca.
...