Duas deusas
HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. SE INSPIRE E DESPERTE A SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR, SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.
Marcar um dia na semana para transar pode até parecer estranho e automático quando visto de fora. Mas, por aqui, fazíamos dessa uma estratégia incrível para conservar a intimidade e nos prepararmos, criando um contexto entre nós ao longo da semana e da rotina maçante. Era o dia em que incensava a casa, pintava as unhas da cor que ela gostava, trocava os lençóis, fazíamos um café da manhã demorado e criávamos toda uma expectativa para o que havia virado, entre nós, o melhor dia da semana.
Nosso quarto se tornava uma espécie de templo, no qual tudo era oferecido e pensado para o nosso prazer: as luzes diminuídas, velas acesas na mesinha ao lado da cama, creminhos e vibradores eram postos onde mãos apressadas podiam alcançar. Por aqui, naquele dia, duas deusas se deleitariam uma com a outra, e, para nós, isso era coisa muito séria.
Depois de um banho demorado, a esperei de toalha enquanto escolhia a playlist. Do banheiro, escutava cada um de seus movimentos atenta, com fome – feito um animal mesmo, que espera sua presa. Cada um de seus pequenos passos rumo a mim me despertava: o chuveiro fechando, a porta do box, a escova de dentes e a torneira. A espera me fez correr um arrepio, que terminou com ela em pé na porta, também de toalha, se fazendo de desentendida e pedindo minha escova de cabelo…
— Pra quê? Não sabe que eu vou te despentear?
Disse isso e ela riu do jeito gostoso que eu amo, jogando a cabeça para trás e terminando o riso me encarando com uma mordida de lábio. Então, eu tive uma ideia melhor do que pentear o cabelo, e ela me acompanhou: escolhi um hidratante, me desvencilhei da toalha enrolada ao corpo e comecei, maliciosa, a percorrer as mãos pelas minhas curvas enquanto ela me encarava.
— Te empresto o hidratante, quer? — Ofereci um pouco de creme em suas mãos, e ela também seguiu percorrendo as curvas de seu corpo até perdermos a paciência e começarmos a nos ajudar nessa missão.
Segurei seus cabelos para o alto e comecei deslizando os dedos pelos seus ombros. Em seguida, de costas, desci com as mãos, deixando com que uma deslizasse até seus peitos e a outra segurasse seu pescoço, trazendo-o para trás enquanto respirava forte em sua orelha, na intenção de fazer um arrepio surgir em seu corpo. Bingo!
Senti-a se derreter inteira em meus braços com esse primeiro movimento, de maneira que ficamos as duas de perna mole com nossa aproximação e, naturalmente, seguimos para a cama. Deitada por cima de mim, senti o calor de seu corpo, o bico de seus peitos próximos aos meus e nossas peles deslizando com a umidade que só crescia à medida que nos esfregávamos. Ficamos um tempo trocando beijos e nos deleitando, primeiro com intensidade e a pressa de quem queria matar a fome. Depois, nossa selvageria foi se transformando em um passeio mais tranquilo (mas nem por isso menos delicioso) quando alcancei, ao lado da cama, um de nossos vibradores.
Deixei com que ela deitasse de barriga para baixo, fiquei ao seu lado de joelhos na cama e comecei a passear com a ponta do vibro por seu corpo, sem pressa, despertando cada cantinho que fosse possível. Enquanto subia por suas coxas, ela se contorcia inteira, em um misto de agonia de quem não estava acostumada com o toque sutil e o tesão pela expectativa de onde esse caminho prometia chegar. Acontece que eu sou sádica e, percebendo que ela movia os quadris para cima, em direção à minha mão, passei direto e subi, entregando as vibrações agora pelas suas costas, lateral do corpo e nuca. Me mantive firme nessa provocação até ela me ameaçar:
— Não esquece que daqui a pouco é a sua vez, e eu também sei brincar… — disse isso entre gemidos quando eu descia de novo com o vibrador por suas costas e já me preparava para pular sua bunda e seguir, de novo, pelas pernas.
Então, decidi que era a hora: me demorei dessa vez pelo meio de suas coxas, de forma que ela mesma foi abrindo as pernas e se ajeitando. Quem disse que a tortura de prazer precisava acabar de vez? Para mim, era só uma trégua…
Enquanto ela se ajeitava em direção ao vibrador, com a outra mão, passeei devagar pela sua vulva com a ponta dos dedos para constatar o óbvio a essa altura: molhada!
Espalhei sua lubrificação por seus lábios e, ao mesmo tempo que ela me entregava outro gemido de impaciência, deixei com que virasse, agora, de barriga para cima. E, sentindo sua respiração ficar pesada, com a intensidade de quem implorava em silêncio, claro que brinquei mais um pouco e passeei com o vibrador pelos seus peitos – coisa que sei que ela adora –, mas só um pouco, porque a impaciência também estava batendo em mim.
Desci com o bullet por sua barriga e parei na virilha. Dei um beijo para terminar de espalhar o mel que escorria dela por entre os lábios e passeei mais um pouco com o vibro, agora com mais intenção, sem demora. Enquanto descia e subia do períneo até o clitóris, deixei com que ela me conduzisse, segurando minha mão como se ela e o vibrador fossem um objeto único. E quem disse que não éramos um só?
E, assim, ela nos conduziu, até o cantinho esquerdo de seu clitóris, onde a magia acontece. Demorou, pressionou, rebolou de leve com os quadris, me despertou todo o fascínio que só crescia por ela.
A cada vez que nos beijávamos.
A cada vez em que a assistia gozar.
A cada vez que ela me dava um “bom dia” ou falava de suas coisas favoritas com o olho brilhando.
Afinal, a gente faz sexo de muitas formas, não é mesmo?
E ter um dia da semana para reafirmarmos essa visão uma pela outra era incrível para que eu refrescasse na memória exatamente essa cena: sua mão conduzindo a minha até ela me entregar, próximo aos meus olhos, seu gozo, com a intensidade de suas mãos buscando meu cabelo e me apertando, enquanto seus espasmos completavam o cenário de prazer e a calmaria que chegava antes de começarmos tudo de novo. Afinal, ela era vingativa e (graças a deusa!) não tinha se esquecido do quanto que a tinha torturado antes de chegarmos aqui.