Todas as vulvas são lindas
Todos os dias do ano passado a artista Hilde Atalanta pintou um quadro de uma vulva. No início, a inspiração veio de sua imaginação; depois, da internet; e mais recentemente, de mulheres que lhe enviam fotos de suas vulvas.
Para a ilustradora de Amsterdã, que também pinta corpos e rostos inteiros, as vulvas são temas de retratos convincentes. "Você tem algumas pessoas que têm narizes grandes, algumas têm narizes pequenos. Não existe padrão, você tem muitas dessas pequenas variações - é a mesma coisa com a vulva", conta.
A diversidade de vulvas
Uma vulva, a propósito, é o nome para a parte visível do que a maioria das pessoas simplesmente chama de "vagina". Ela engloba todas as partes externas das regiões íntimas do corpo feminino, incluindo os monte vênus (gordura acima do osso púbico), os lábios (lábios internos e externos emoldurando a abertura vaginal), o clitóris e seu capuz protetor, e muito mais.
O projeto “The Vulva Gallery”
Juntos, os esboços coloridos da Atalanta compõem a The Vulva Gallery, um fenômeno da Instagram que conta com mais de 550 ilustrações de vulva. A artista quis transformar sua galeria em um canal de celebração da diversidade para pessoas com vulva. "o, mas o padrão “normal” não existe, cada vulva é normal em sua singularidade", conta.
E é verdade. "Algumas são enrugadas, alguns são realmente lisas, alguns são um pouco mais fechadas - e tudo isso são variações saudáveis", conta Lee Roosevelt, Ph.D., parteira e professora assistente da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan.
Procedimentos na vulva
Pesquisadores entrevistaram mais de 3.000 mulheres americanas e descobriram que 83,8% delas fizeram pelo menos algum procedimento depilatório na vulva, de acordo com um estudo de Dermatologia JAMA de 2016. Mulheres jovens, brancas e instruídas, assim como mulheres heterossexuais com parceiros, tinham maior probabilidade de depilar a virilha e a vulva.
Talvez seja por isso que mais mulheres parecem estar preocupadas com o tamanho, forma e cor de sua vulva nos dias de hoje.
Mas isso não é regra. Em sua prática clínica, a ginecologista Lauren Roosevelt descobriu que a vulva não depilada está voltando. Para algumas mulheres, isso é uma coisa boa, pois pode significar evitar a foliculite induzida pela cera (folículos pubianos inflamados), queimaduras por uso de lâmina de barbear e outras complicações.
A depilação e a vulva
Um estudo descobriu que quanto mais frequentemente as pessoas se depilavam, maior era a probabilidade de terem ISTs. (Isso pode ter a ver com os pequenos cortes que a depilação pode criar na pele, permitindo que bactérias e vírus os infectem, mas os autores do estudo apontam que ainda não há evidências que comprovem isso).
Embora Roosevelt não julgue nenhum hábito de depilação (ou falta dele), "quanto mais falamos de vulva e suas variações", ela conta, "mais as mulheres aceitam seus corpos e cada vez elas o aceitam em seu estado natural".
Assim como um seio é frequentemente maior que o outro, um lado dos lábios pode ser maior que o outro. Nada com que se preocupar, dizem os especialistas, embora quando ambos os lados são super longos, algumas mulheres podem experimentar problemas como desconforto ao andar de bicicleta, constrangimento ao usar calças de ioga, ou problemas ao urinar.
"Existem algumas preocupações teóricas de saúde", conta Karen Horton, cirurgiã plástica em São Francisco, especializada em cirurgia plástica e reconstrutiva feminina, incluindo labiaplastias. "Mas na comunidade médica, é normal e natural".
As vulvas variam
Roosevelt pode dar um bom palpite sobre o IMC e a idade de uma mulher apenas com base na aparência de seu monte vênus - "Pode ser mais arredondado, pode ser mais fino, o quanto ele se estende para baixo antes da divisão dos lábios varia bastante", diz ela, mas as mulheres com mais gordura corporal tendem a ter manchas na região.
As mulheres que passaram pela menopausa, por outro lado, podem emagrecer, graças às mudanças hormonais. "Após a menopausa, você perde gordura em seus genitais externos", diz Horton.
As vulvas não diferem apenas na cor de pessoa para pessoa, mas muitas vezes elas se estendem em várias tonalidades. Um dos padrões mais comuns que vemos são lábios internos mais sombreados que os externos. Muitas mulheres não têm lábios externos.
"Muitas mulheres reclamam que seus lábios são muito escuros - elas acham que devam ter lábios cor-de-rosa", diz Streicher. Mas os lábios internos mais escuros são totalmente normais.
Tentar clareá-los (ou qualquer parte de sua vulva) é uma má ideia, diz Horton. "Cremes e lasers podem criar danos", como queimaduras ou aumento da sensibilidade, diz ela. E alguns podem até mesmo causar a formação de mais pigmentos.
Meu tamanho de clitóris é normal?
O tamanho e a visibilidade do clitóris varia tanto quanto as outras partes da vulva, dizem os especialistas. O clitóris pode ser grande ou pequeno ou ainda médio, diz Horton, que ocasionalmente realiza cirurgias de redução do clitóris.
"O capuz é basicamente uma dobra que reveste o clitóris, e muitas mulheres sentem como se tivessem muita pele por lá", diz ela. Mas nada disso importa quando se trata de prazer, diz Roosevelt.
Além disso, a maioria dos clitóris femininos parecem mais ou menos os mesmos durante a excitação, quando incham e emergem debaixo do capuz. "Não há diferença de resposta sexual nas mulheres que têm um capuz clitorial menor", diz Roosevelt.
Escrito por Anna Medaris Miller. Tradução livre de artigo publicado originalmente no Women’s Health. Leia o artigo original