Sexual care: o que você precisa saber sobre o novo termo
A nova forma de autocuidado ganhou destaque recentemente nas mídias e nas redes sociais. Batemos um papo com a expert em beleza e bem-estar Vânia Goy para entender o que você precisa saber sobre — e como praticar — essa nova tendência
Sim, o sexual care é uma forma de autocuidado. A sexualidade, aliás, é um dos pilares considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como fundamentais na sustentação do bem-estar e da alegria de viver — figurando na lista junto a trabalho, lazer e família. Em 2020, com o alastramento da Covid-19 e a necessidade de isolamento social, muitas pessoas tiveram de aprender a se satisfazer sexualmente sozinhas. Como consequência, observou-se um aumento mundial vertiginoso na compra de brinquedos eróticos. E se por um lado a venda de artigos sexuais cresceu e a masturbação passou a ser assunto mais presente no dia a dia e nas rodas de conversa, por outro, isso não significa que estamos sentindo, necessariamente, mais prazer. E por quê?
Muito além da relação sexual, o prazer pode se manifestar de diversas formas. Em jogo, em vez do ato consumado com mais alguém, entram outras centralidades: o conhecimento dos nossos corpos, nossos desejos, de nossas vontades.
Para entender, nesse contexto, de que forma o sexual wellness tem papel fundamental na construção de uma vida mais sadia, conversamos com Vânia Goy, jornalista e expert em beleza e bem-estar. Nos últimos dez anos, Goy foi editora de beleza de títulos como Marie Claire, Cosmopolitan, Harper’s Bazaar e Chic. Hoje, está à frente de seu Belezinha.
Confira o papo na íntegra abaixo:
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Lilit — Vânia, o Belezinha é uma das maiores referências brasileiras quando o assunto é bem-estar. Você acha que o sexual care é tão importante quanto o bem-estar físico e emocional? Por quê?
Vânia — Venho escrevendo sobre o assunto há cerca de dois anos, mas senti que neste ano as notícias passaram a atrair mais atenção do público. Certamente é um dos três assuntos de mais audiência no Belezinha hoje. Acho que a abordagem atual, que fala de bem-estar sexual para além do sexo acompanhada é positiva em várias frentes: estudos sugerem que as sensações de prazer e relaxamento ajudam a administrar o estresse, liberar tensão e até dar uma mão no sono e na lubrificação. Mas o mais legal, na minha opinião, é que o crescimento dessa conversa também estimula mulheres a olharem pro próprio corpo, para as práticas que lhe dão prazer, exercitarem a libido e encontrarem um jeito próprio e menos performático diante do assunto.
Lilit — É um mercado de mulheres para mulheres? Existe algum motivo para que seja assim?
Vânia — Acho interessante observar o quanto diversas sex-techs são lideradas por mulheres. Faz diferença, né? Não à toa a gente vê iniciativas com prioridades, linguagens e narrativas (especialmente visuais) tão diferentes do que cresci vendo.
Lilit — Hoje, o mercado de sexual wellness parece estar mais focado em educação e autoconhecimento. Faz sentido essa percepção?
Vânia — Super. Numa das entrevistas que conduzi no Belezinha, uma expert fala justamente isso: este é um assunto que saiu dos sex shops e que não trata só de sexo e orgasmo. Inclui uma relação com o próprio corpo, observação dos ciclos, dos desejos e limites. E se relaciona, também, com saúde e cuidado.
Lilit — Há, ainda, uma outra preocupação recorrente de algumas marcas, como é o caso da Lilit, de criar seus produtos — e de certificá-los — com o menor impacto ambiental possível, além de garantir segurança e conforto para quem usa. Como você vê esse movimento dentro do sexual care?
Vânia — Acho muito interessante observar o quanto as práticas do universo da beleza, como a preocupação com a escolha dos ingredientes, formulações inovadoras, transparência na hora de falar de componentes e embalagens, estão incorporadas à estratégias de muitas das novas marcas, que já nascem preocupadas com marcadores para além do resultado ou performance dos produtos. Analisar o impacto ambiental, ético-social é (ou deveria ser) um caminho sem volta.
Lilit — Apesar do crescimento do mercado, o assunto ainda é tabu. Por que é importante que falemos cada vez mais sobre?
Vânia — Esse é um assunto carregado de preconceitos, julgamentos e caricaturas, né? Sempre penso nos tablóides de fofoca tornando notícia a foto da celebridade que deixou escapar um vibrador no fundo ou, quando eu era adolescente, nas manobras discretíssimas para pegar um absorvente com uma amiga e ir ao banheiro sem que ninguém notasse. Naturalizar a conversa é importante para que possamos dividir dores e delícias e fazer escolhas alinhadas aos nossos desejos, às nossas dificuldades, personalidades. Eu fico feliz quando, por exemplo, vejo influenciadoras fazendo conteúdos para marcas que tratam de escape de xixi, coisa que acontece com o passar dos anos porque a musculatura pélvica muda — algo que todo mundo tem vergonha de falar. Ou aulas digitais para que a gente exercite o próprio toque e prazer (e menos para oferecer prazer). Acho bonito pensar que podemos estar confortáveis, desfrutando dos momentos íntimos, atentas e com escuta aberta para amigas (inclusive as digitais!).
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