Sexo, desejo, amor e COVID-19: o que mudou com a pandemia
O site Talk Tabu fez uma pesquisa no instagram deles para descobrir a frequência que a comunidade deles está transando durante a pandemia de COVID-19 e como a quarentena afeta os relacionamentos.
Para algumas pessoas, sexo é a última coisa na cabeça quando pensamos em ficar em casa, estocar papel higiênico e o pânico geral que vem com uma pandemia. Para outros, nem o pensamento de doença nem de morte os impedem de sentir vontade de amar e transar.
Os resultados da pesquisa se mostraram estar super divididos: 50% das pessoas sentem desejo sexual e o expressam nesse momento de crise, 50% não tem desejo algum e não tem vontade de transar.
Saúde Mental
As notícias mundiais e locais e ficar em quarentena afetou negativamente sua saúde mental?
- 79% responderam que “sim"
- 21% responderam que “nem tanto”
212 respostas
Esses resultados exemplificam como é elevado os níveis de estresse em tempos de incerteza com essa epidemia global e como isso afeta a saúde mental humana. Não só nós temos medo de ficarmos doentes e das pessoas próximas de nós ficarem doentes, como nos sentimos limitados de um jeito que cortamos interação humana e conexões mais profundas.
Que impacto a quarentena teve no seu desejo sexual?
- 42 responderam que “nenhuma mudança”
- 68 responderam que “flutua”
- 69 responderam que “diminuiu”
- 73 responderam que “aumentou”
252 respostas
Dá para ver que muitas pessoas tiveram um aumento no desejo sexual. Ao mesmo tempo, muitas pessoas sentiram menos vontade de transar. Mas porque as pessoas estão tanto em lados opostos? Umas querendo muito transar e outras com zero vontade?
Em um artigo recente para a Sex & Psychology, o pesquisador sexual Dr. Justin Lehmiller explicou o conceito da Teoria da Gestão do Terror, um conceito que explica como os humanos desenvolvem mecanismos de cooperação para se adaptar quando encaram a possibilidade da morte.
Estudos mostraram que pessoas respondem diferentemente com lembranças da própria mortalidade: algumas podem ter um aumento do apetite sexual, outras podem precisar de métodos de alívio de estresse para cooperar. No final das contas, a autoimagem e autoestima é um fator decisivo para prever como nós lidamos com o alívio através do sexo para controlar a ansiedade. As pessoas com uma imagem corporal mais positiva ficam mais confortáveis com intimidade física e conseguem usar o sexo como ferramenta para aliviar a ansiedade com a morte.
Masturbação e a pandemia
Você está se masturbando com que frequência na pandemia?
- 53% responderam “mais frequentemente”
- 47% responderam “menos frequentemente”
239 respostas
Os resultados foram quase 50/50, mas não é nenhuma surpresa que algumas pessoas a mais relataram aumentar a frequência da masturbação. O Pornhub soltou um relatório analítico de como as pesquisas relacionadas ao coronavirus afetaram o tráfego do site de vídeos pornô.
Segundo os dados deles, o distanciamento social teve uma grande influência no aumento massivo do tráfego, com mais de 9.1 milhões de pesquisas com os termos “corona” ou “covid”. A venda de vibradores está com o pico de crescimento, indicando que as pessoas estão ligadas ao auto-prazer. O departamento de saúde de NY recomendou a masturbação como a melhor forma de sexo no momento.
Sexo com parceiros
Se você tem um parceiro, você está tendo mais sexo ou menos sexo?
- 39% responderam que “mais sexo”
- 61% responderam “menos sexo”
134 respostas
Todos nós já ouvimos piadas sobre a possibilidade de um “baby boom” depois dessa pandemia, mas parece que esse pode não ser o caso. Na verdade, como vemos na pesquisa, muitos casais não estão com desejo sexual no momento. Isso pode ser devido ao fato de como nós sentimos a excitação e o desejo no nosso corpo.
De acordo com o Modelo Dual de Resposta Sexual, as pessoas tendem a balancear a excitação sexual em dois sistemas: um “acelerador” que corresponde com a excitação e um “freio” que corresponde a inibição sexual - bem parecido em como um carro opera.
Em alguns contextos, você pode estar mais inclinada, no seu subconsciente, a apertar o freio, ficando mais difícil de entrar no estado de excitação - essa supressão do tesão tende a ser especialmente difícil em tempos de ansiedade. Existem outras horas que, paradoxalmente, vem com toda força o acelerador - o que significa um aumento considerável da excitação sexual.
Essa dualidade entre aceleração e resistência pode ocorrer porque emoções como o medo e ansiedade podem causar o modo de “luta ou fuga” no cérebro, neurologicamente categorizando essas respostas como instabilidade sexual - a expectativa de transar para fazer filhos durante a quarentena não é necessariamente a realidade para todos os casais. Na verdade, em grande parte dos casos, é o completo oposto.
Conflito no relacionamento quando não existe distância
Se você está em um relacionamento, estar em quarentena aumentou um conflito entre você e seu parceiro?
- 54% responderam que “não”
- 46% responderam que “sim”
148 respostas
Não é verdade que pessoas que vivem sobre o mesmo teto, em quarentena, necessariamente estão super próximas e conectadas. Na China, por exemplo, a cidades de Xian e Dazhou relataram números recordes de divórcios em março - a quarentena afeta diretamente na comunicação e satisfação nos relacionamentos fora do sexo. Como fazer quando rola um conflito na quarentena com seu parceiro e vocês estão isolados?
Na pesquisa, algumas pessoas sugeriram algumas estratégias de conflito, como ficar cinco minutos longe ou sair do quarto e tirar um cochilo ou até conversar imediatamente sobre o problema para resolver.
No seu talk show “Sexology”, a especialista em intimidade Shan Boodram disse que ela e seu marido usavam a estratégia de conversar factualmente com argumentos racionais como uma forma de superar conflitos e evitar discussões acaloradas. Ela defende a “técnica do espelho”, um método que em uma discussão amigável, cada indivíduo tem vez para falar para entender o ponto de vista do outro.
Nós estamos vivendo em uma época sem precedentes. Mesmo aqueles com as melhores vidas sexuais do mundo precisam de ajuda para entender o turbilhão de emoções e ajustes que vem com a pandemia. A interação humana e interpessoal está mudando, mas isso não significa que não temos mais esperança. Seja preciso sobre suas necessidades sexuais e sua saúde mental. Coloque limites e o mais importante, seja empático com os outros.
Escrito por Tatyannah King. Tradução livre de artigo publicado originalmente no Talk Tabu. Leia artigo original.