Mês da mulher: mulheres que mudaram a história do sexo
No mês de março, quando celebramos o dia internacional da mulher, queremos parar para celebrar as mulheres que foram pioneiras no campo da intimidade.
Na área da educação sexual, saúde, sociologia e ativismo, elas foram as desbravadoras que pavimentaram o caminho para a descoberta de dados e conceitos fundamentais da intimidade.
Do clitóris ao poder do erótico, confira a história de cada uma delas:
Hellen O’Connel: A mulher que descobriu o clitóris
Depois de séculos de falta de informações corretas relativas ao complexo do clitóris e anatomia do prazer feminino, a desconstrução e descoberta da nossa satisfação sexual através da ciência só começou a ser desvendada em 1998, quando urologista e pesquisadora Helen O’Connell realizou o primeiro estudo com imagens da real estrutura do clitóris.
29 anos depois de irmos à lua, descobrimos a anatomia do clitóris. Como a artista Sophia diz: porque demorou tanto tempo para descobrirmos um mecanismo básico de prazer das pessoas com vulva?
Hellen O’Connel, urologista australiana, descobriu o clitóris depois de várias pesquisas com ressonância magnética em mulheres. Ela mudou a história ao descobrir que o clitóris é muito maior que um botão: é um órgão inteiro dedicado inteiramente ao prazer.
“Perguntar sobre a função do clitóris é como perguntar para o que serve a sexualidade. Quando você fala sobre o clitóris, as pessoas querem saber mais sobre sua função. Quando falamos de sexualidade masculina não existem muitas perguntas, mas quando falamos da mulher temos muitas questões. Para que você precisa de um clitóris? Estamos falando sobre prazer, sobre a conexão íntima entre as pessoas.”
Hellen O’Connel
Audre Lorde: pelo direito do prazer para mulheres
Em Usos do Erótico como Poder, a escritora e poetisa caribenha-estadunidense, poeta e ativista traz uma reflexão sobre a importância do lugar erótico como fonte considerável de poder e informação dentro da vida das mulheres.
“O erótico oferece um manancial de força revigorante e provocativa à mulher que não teme sua revelação nem sucumbe à crença de que a sensação é bastante.”
Audre Lorde
Audre Lorde mudou a história do erotismo. A escritora e ativista caribenha-estadunidense mudou a história da sexualidade feminina com o artigo “Usos do E.rótico como Poder”.
Lorde traz uma necessária reflexão da importância de trazer o erótico para sala e usar nosso poder e sedução como uma ferramenta de satisfação e autonomia do nosso prazer.
Betty Dodson: a educação sexual através de vibradores
Em 1974, em um artigo publicado na revista Ms., a educadora sexual Betty Dodson propôs que as mulheres se masturbassem como uma forma de recuperarem seu autoconhecimento sexual negado pela sociedade.
O artigo fez tanto sucesso que Betty começou a fazer workshops sobre masturbação e vibradores e até hoje, ela é referência na educação e terapia sexual.
Betty é o tipo de mulher lendária que (des)construiu a história do prazer feminino e pavimentou a estrada para chegarmos até aqui.
Feminista e educadora sexual, ela foi pioneira na educação s.exual com vibros em plenos anos 70 - onde fazia workshops para mostrar para as mulheres onde ficava o clitóris e como podiam sentir prazer na m.asturbação.
“Masturbação é uma meditação no amor próprio. Tantos de nós são aflitos com imagens do corpo próprio, ruins, vergonha sobre nossas funções do corpo e confusão sobre sexo e prazer, eu recomendo um caso intenso de amor consigo mesmo.”
Betty Dodson
Peggy Orenstein: educação sexual para crianças
A autora Peggy Orenstein é uma das grandes referências da Lilit na educação s.exo positiva: tanto de adultos, quanto de crianças.
Autora de Garotas & Sexo e Garotos & Sexo, Peggy Orenstein é uma autora e jornalista norte-americana especialista em intimidade e feminismo.
Seus livros tem importantes reflexões sobre a importância da criação de jovens com educação sexo positiva e com muita informação sobre sexualidade e prazer.
“Os cursos de educação sexual olham somente para os órgãos internos das meninas e como evitar gravidez. Com os meninos, falam sobre tudo: ejaculação, polução noturna, ereção… Nós nunca falamos com meninas sobre autoexploração sexual e autoconhecimento.”
Peggy Orenstein
Emily Nagoski: a descoberta do desejo responsivo e espontâneo
Neuropsicóloga, Emily Nagoski é uma autora e educadora sexual que escreveu livros com importantes reflexões sobre a importância da criação de jovens com educação sexo positiva e com muita informação sobre sexualidade e prazer.
Ela é uma das principais difusoras do conceito de neuropsicologia de aceleradores e freios sexuais (o desejo responsivo e espotâneo). Apenas 15% das mulheres sentem desejo espontâneo: aquele desejo que vem “do nada” e nos dá vontade de transar.
No livro “Come as you are” ela aborda também a disparidade de desejo entre homens e mulheres, com estudos que comprovam que 50% acham estimulos visuais e mentais excitantes, em comparação com 10% das mulheres.