Entre Delírios e Desejos
HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. SE INSPIRE E DESPERTE A SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR, SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.
O marinheiro chega em casa alquebrado, a febre alta e uma tosse insistente. Com o corpo debilitado, arrasta os músculos doloridos até a cama e se joga, agarrando-se às cobertas para tentar se aquecer, ao som da cantoria das lavadeiras na rua, voltando para casa com imensos cestos equilibrados nas cabeças.
Horas mais tarde, batem à sua porta. Sua vizinha veio pedir açúcar, os cabelos presos com um lápis, o pescoço nu, o avental manchado de fruta como o de um pintor. Capaz uma miragem? Um fantasma? Ele não a reconhece, mal a cumprimenta, a visão turva, as pernas dobram em um desmaio de tanta fraqueza.
Ao perceber o estado do rapaz, ela se oferece para cuidar dele enquanto se recupera. Alimenta-o com sopa quente, troca seus lençóis úmidos, desliza lentamente a toalha molhada na sua testa, no seu tórax e pescoço para brigar com a febre, percorre seus vales e montanhas sob suas mãos pacientes. Por alguma razão, ao tocá-lo, o corpo dele estremece ainda mais, a temperatura não cede, os calafrios persistem. Ela não tem pressa e zela por aquele corpo tombado, delirante na cama…
Dias passam enquanto melhora, e só então ele percebe que havia algo de diferente nessa moça... Os olhos não olham, vagam pela sala sem rumo, não o buscam furtivo quando ele se banha... O tempo voa. Os dois se confiam, suas vidas, medos, histórias, criam intimidade e cumplicidade, risadas, confidências.
E só então, na primeira noite sem delírios, a cegueira da vizinha se faz entender, no negrume da lua nova... Seu toque, delicado e preciso, como se, apesar do escuro, ela pudesse enxergar e memorizar cada centímetro da pele do marinheiro, apenas com os dedos longos e curiosos.
Nesse momento, ele via embevecido a sombra dos lábios carnudos um pouco entreabertos, o peito subindo e descendo envergonhado, o fôlego escapando da moça para não se sabe onde, os olhos pesados, se fechando sem saber por quê.
À medida que os dias passam, ela parece sucumbir ao desejo que a queima. Cuida, mas explora o corpo dele com mais intensidade, com mais sede, caçando como um gato selvagem os pontos de perigo, cada uma de suas zonas mais sensíveis.
A pele queimada de sol arrepiava, talvez culpa da febre que voltava, talvez culpa do toque. Ele sentia-se zonzo, a respiração também entrecortada, mas vivo como nunca.
Nessa dança torturante, uma tarde ela por fim o guia, dengosa, para sentar-se na cama até há pouco usada para se recuperar... De repente já não fala mais tanto. Os olhos cerrados, seus sentidos aguçados, e ele inspira o cheiro doce que emana dela, o sabor quente do seu hálito, a textura macia da sua carne, o ventre que se encolhe na ânsia de tê-lo dentro de si.
Tira um lenço do decote e o venda, “Pra vc ver como eu”, ela sussurra, sem tom de explicação. E então ela o empurra pra trás, deitando sua cabeça no travesseiro.
Ele ouve o tecido barato do vestido caindo no chão, ela se deita ao lado dele, seus corpos retesados. Sôfrega, permite que ele a toque e sinta cada detalhe de seu corpo cheio de curvas e recantos, que arraste a calcinha se enrolando em suas ancas, que beba e desfrute dela como uma manga suculenta, as costas arqueadas para trás.
Por fim, ela ergue os braços dele sobre a cabeça, e amarra o marinheiro na cama pelos punhos... Ele está certo de que ela o vê como ele nunca foi visto. Os cachos sedosos da moça descendo por seu lombo, barriga, coxas... A língua sedenta por todo aquele corpo alto, forte, como madeira boa de fazer veleiro, veleiro que rasga o mar bravo sem medo, que o domina e o acalma em ondas mansas, espumantes.
E quando o marinheiro finalmente consegue se libertar das amarras, ele a toma com seu peso, a flor que se abre com a chegada da primavera, das abelhas e dos pássaros.
Os movimentos de ambos são ritmados, hipnóticos, sagrados e molhados. Se entregam com a fúria da cachoeira, entrelaçando pernas, braços, lambendo, gemendo, se confundindo de maneira profunda e intensa, sons roucos enchendo a casa de calor até a explosão, a corda da viola que se rompe e reverbera, depois emudece...
Nos lençóis, novamente úmidos desta febre implacável, as coxas suadas finalmente descansam em trança; ambos os pares de olhos já não veem mais nada a não ser o silêncio de uma respiração satisfeita, densa, como se nem uma gota de sangue restasse em suas veias... Lá fora, apenas as gaivotas em revoada, que gritam com os pescadores trazendo os seus balaios prateados.
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