Reencontro
Voltamos a nos falar em um desses papinhos moles que rolam nos intervalos entre um relacionamento e outro. Na verdade, nunca o havia perdido de vista, imaginando “como seria se fosse”, um pensamento que foi tomando cada vez mais força à medida que os anos de casamento me colocavam a libido em prova.
Me pegava pensando em nosso primeiro beijo, do dia em que ele apareceu e me salvou de um date ruim.
No dia em que ele foi lá em casa e me comeu a noite toda, até eu perder as contas de quantas vezes gozei.
Ou da vez em que, nu, pegou meu violão e começou a tocar Clube da Esquina, me deixando acompanhar cantando baixinho, ainda com a voz trêmula de orgasmo, admirada por sermos nós e querendo que aquilo virasse uma cena de cinema – em minha memória, virou.
Nossa troca de mensagens para o reencontro durou pouco tempo, o suficiente para batermos as agendas numa urgência de quem queria matar a saudade. Eu estava movida pela sensação de viver tudo outra vez: gozar, ser tocada, sentir seu pau duro por mim, fazê-lo gozar várias vezes numa noite sem fim. Acontece que encarar aquele passado frente a frente era também encarar uma fase gostosa da vida, a menina livre que eu havia sido e queria voltar a ser. E foi assim, com o peito queimando, que fui a seu encontro.
Marcamos em um bar próximo da minha casa e, quando ele chegou, assisti por uns segundos seu corpo se movendo, a camisa meio aberta e a barba com contornos grisalhos, sinalizando que o tempo havia passado.
Ao mesmo tempo que eu me dava conta dos anos que se passaram, voltamos aos assuntos bobos, às discussões das miudezas que discordávamos sobre política, às músicas que eu amava e ele também. Em determinada hora, depois de determinada quantidade de cerveja, nos beijamos e não paramos mais, indiferentes às pessoas do bar, que trocavam olhares ao redor.
Suas mãos deslizavam pela minha cintura e paravam em meu colo, repousando despretensiosas e me deixando com uma impaciência terrível, até que o chamei para minha casa.
— Vamos pra um lugar mais tranquilo.
Aconteceu como previ: quando a porta se fechou atrás de nós, um impulso incontrolável me tomou conta, e nos agarramos numa dança de braços desordenada e intensa, que foi diminuindo conforme nos vimos finalmente a sós de novo. Percebendo que a impaciência estava sobretudo em mim, ele me agarrou por trás com um dos braços e segurou com o outro meu cabelo, me colocando colada à parede do corredor.
Sussurrou “calma” ao mesmo tempo que desceu com as mãos, puxando com os dedos minha calcinha por debaixo do vestido – e claro que era uma daquelas pensadas para se tirar em um dia assim!
Um tremor tomou conta do meu corpo naquele momento e me virei em um solavanco, ficando de frente enquanto ele descia com a boca em direção à minha boceta. Sabe um desses ângulos em que eles ficam te encarando por entre seus pelos, de baixo pra cima? Antes que caísse de boca, me encarou desse ponto, com o vestido levantado e respiração ofegante – esperou que eu pedisse...
— Vem cá.
Mergulhou em mim, me agarrando pelos quadris num passeio delicado e alucinante com a língua, enquanto eu buscava sua cabeça com as mãos como se o quisesse inteiro dentro de mim – e queria! Por isso meu primeiro gozo veio logo, sem demora e com a urgência de quem estava matando a saudade. Contemplei sua barba molhada de mim e o puxei para um beijo sereno, agora sem pressa e com gosto de desejo atendido. Seguimos do corredor para a sala, deixando vestido, casaco e sapatos pelo caminho, feito pistas a serem seguidas. Enquanto fui à cozinha buscar água, ele se espalhou pela minha casa com a facilidade de antigamente – como se fizesse parte do ambiente –, percorrendo com curiosidade meus discos e livros como fazia pelo meu corpo. Assisti a essa cena maravilhada enquanto, da janela, o sol se despedia, deixando o último calorzinho do fim da tarde. A partir dali, éramos nós quem deveríamos nos aquecer: e assim foi!
Me aproximei dele feito leoa, sentindo parte do sol lá fora queimar no meu peito. Ele se sentou no sofá, e logo me ajoelhei, engatinhando ao encontro de suas pernas e subindo com as mãos até encontrar o pau que tanto já tinha me deixado com água na boca. Então, fui eu quem retribuiu a olhada demorada, fazendo os segundos virarem uma eternidade antes de beijá-lo inteiro – como uma boqueteira, sim: essa palavra vulgar que me faz encher a boca de prazer. E que delícia era assistir a uma pessoa com pau se derreter assim na sua boca, com os músculos dançando no ritmo da língua quente.
Eu mal tinha engolido quando ele também me puxou para um beijo com gosto do seu prazer, ao mesmo tempo que me puxou para o seu lado no sofá e se deitou em meu colo, com a cara enterrada na minha calcinha.
— Agora estamos quites? — perguntei quase baixinho, pensando que ele havia cochilado.
— Não! Lembra da última vez?
Mal terminou de responder e foi tirando minha calcinha com a boca feito um safado.
Autora: Loren Kaiza