Mergulho
Conheci Bento em um forró, quando estava viajando sozinha pela Bahia. Seu par de olhos castanhos interrompeu minha rotina noturna que incluía passear preguiçosamente pelo centrinho da vila, tomar uma caipirinha de cacau e sentar na praça onde estivesse tocando alguma música gostosinha esperando o sono chegar para cair na cama e começar tudo de novo: cuscuz, praia, caminhada, rio, pracinha, caipirinha, cama. Havia encontrado a rotina perfeita para me desintoxicar do ano de trabalho pesado e burnout, pensando que, a vida deveria ser somente assim – cheia de delícias.
Aconteceu que, em uma dessas paradas na praça sendo atraída pelo cantinho com a melhor música, cheguei a um forró. As meninas do hostel em que eu estava haviam comentado dele no café da manhã e, apesar de tê-las avistado em uma mesa do outro lado do bar, fiquei de longe, sentada na calçada aproveitando o vento fresco da noite. Depois entendi o quanto eu precisava estar exatamente ali para viver tudo que o destino e o meu “sim” me reservavam.
Percebi quando ele se sentou próximo, primeiro, para amarrar o tênis, depois, ficando de vez embalado pela música e, assim como eu, observando os tantos corpos bronzeados que deslizavam pelo salão. Foi quando o cantor pediu em uma brincadeira que olhássemos para a pessoa que estava em nosso lado que me dei conta: caracóis meio grisalhos, os olhos castanhos contrastando com a pele no limite entre o bronze e o vermelho de sol, camisa branca de linho, all star denunciando a idade.
— Até que enfim achei uma desculpa pra falar com você. Posso? — Disse isso me arrancando um riso tímido de nervoso e surpresa junto com o primeiro sim da noite.
Conversamos animadamente sobre o movimento da rua, drinks locais, bares, passeios, horas mágicas para se estar nos lugares e tábua das marés – todo um universo de assunto dos viajantes, que, querendo saber apenas do presente momento tentam não comentar da vida que lhe é familiar. E quando a banda anunciou a última música da noite ele se levantou num impulso, segurando minha mão com a empolgação de uma criança e dizendo: “Se não for agora pode não ser nunca mais. Dança comigo!”.
Me levantei também no sobressalto da urgência e só aí percebi melhor como o corpo dele era bonito, se encaixando com o meu como se já houvéssemos dançado mil vezes. E aquela que era a prometida última música virou outras duas a mais em sequência, para a sorte de quem assim como nós, ia devagarinho conhecendo o corpo daquele com quem se dançava. Senti suas mãos escorregarem de minhas costas para a cintura e nossos corpos se aproximarem, pouco a pouco e na medida em que a música avançava. Do mesmo jeito aconteceu com nossas coxas, que, se antes circulavam distantes pelo salão, agora se arrastavam, como se fossemos um ser só. Senti seu pau duro roçar em minhas coxas, de modo que foi me crescendo também a urgência de seguir esses movimentos mais e mais... até que a música parou e nos encaramos embasbacados com a proximidade que tinha acabado de acontecer.
E agora?
O segundo sim da noite foi ele quem disse, quando eu perguntei:
— Tá bem calor agora... bora tomar um ar fresco na praia?
Confesso que esse convite partiu do fundo do meu ventre que queimava de tesão. Ou do meio das minhas pernas, que estavam molhadas não apenas do suor de nossos corpos se movimentando: mas do rio de desejo que desaguava e a essa altura me conduzia em seu fluxo.
O caminho até a praia que - pareceu durar uma eternidade - seguiu sendo nossa preliminar. Percebi seus olhos correrem pelo meu corpo enquanto ajeitava meu cabelo em um coque, deixando a mostra o biquini que usava com uma saia branca de amarrar. E sem delongas ou dúvidas de que esse desejo era recíproco, tomei a iniciativa e o beijei assim que chegamos ao caminho de terra que levava ao mar. O vento fresco da noite me levantava um arrepio em contraste com o calor que brotava de mim, fazendo com que esse misto de sensações tornasse tudo ainda mais especial. Aliás, foi se aproveitando do vento que levantou minha saia que ele deslizou a mão por ali, contornando com a ponta dos dedos meu biquini e puxando-o para cima, fazendo com que o tecido se enterrasse em minha bunda fazendo pressão e me arrancando um gemido.
E foi assim, trocando beijos e mãos bobas que caminhamos até um ponto mais deserto onde só havia um luau ao longe e barcos na areia.
Ninguém ao redor, só nós dois.
Avançamos na direção um do outro agora sem pudores, na certeza de estarmos sozinhos – como se estivéssemos à beira de um mergulho de cabeça. E foi: primeiro desamarrou meu biquini e beijou meus peitos quase que com devoção, circulando com a língua meus mamilos e mordiscando para me arrancar gemidos. Cravei as unhas em suas costas conduzindo seus movimentos até ele começar a descer mais, enquanto, de joelhos, me empurrou até a lateral de um dos barcos, de modo que fiquei sentada e com as pernas livres em sua frente. Senti sua língua quente em minha buceta como se fosse uma extensão de mim, me circulando agora por entre os lábios como quem não tem medo nenhum de se lambuzar inteiro! Os espasmos não demoraram, a brotar e, depois de uns minutos assim, gozei, me agarrando a seus caracóis para não cair e puxando-o contra mim. Deslizamos nossos corpos para o chão, de modo que ele se sentou com as costas apoiadas no barco e agora fui eu quem ficou de frente para suas pernas. E, movida pelo êxtase do orgasmo que acabava de acontecer coloquei seu pau para fora e o chupei, com a voracidade de quem quer uma coisa deliciosa inteira na boca. Senti com a ponta da língua suas veias saltadas e, com o avançar de meus movimentos, a pulsação, me entregando o gozo no fundo da garganta.
Foi só aí que percebemos uma luz de celular se aproximando pela areia da praia e, mesmo ofegantes, nos ajeitamos quase sem dizer nada em movimentos cúmplices para um segundo mergulho – agora no mar.
Autora: Loren Kaiza